segunda-feira, 13 de julho de 2020

"A Corrente" de Adrian McKinty [Opinião]


«Uma leitura arrepiante, intensa e viciante, que irá querer devorar.»
People Magazine, Book of the Week

E SE A ÚNICA FORMA DE VOLTAR A VER O SEU FILHO FOSSE RAPTAR OUTRA CRIANÇA?

Esta foi a frase que recebi num e-mail da WOOK nos dias que antecederam o lançamento do livro. Fiquei completamente doida com esta premissa e soube que teria de o ler, por isso não demorei muito a comprá-lo.

Por muito que nos pareça alucinante que alguém consiga ter imaginação para tanta maldade, a verdade é que o autor se inspirou num conceito mexicano de raptos por troca.

A ideia do livro está muito interessante e fez-me lembrar aqueles e-mails corrente que estavam na moda aqui há uns anos e que prometiam verdadeiras desgraças a quem não os reenviasse a um determinado número de contactos. No conceito de corrente deste livro, a desgraça acontece primeiro: o rapto de um filho.

Assim, tudo começou quando a filha de Rachel foi raptada. Foi-lhe dito que, para a reaver, teria de pagar um resgate e raptar outra criança. Apenas quando os pais dessa segunda criança raptassem uma terceira é que a filha de Rachel seria devolvida. Isto fazia com que as ações de um único membro da corrente tivessem influência nos outros e pusessem em risco a vida de outras crianças e famílias.

[Fotografia da minha autoria]

Acredito que esta história consiga mexer verdadeiramente com os nervos de quem tem filhos, principalmente crianças pequenas. Eu não tenho filhos, por isso só posso limitar-me a tentar imaginar o que será esse sentimento inexplicável de se fazer tudo por um filho. Segundo os cérebros por detrás da corrente, não se podia raptar um cônjuge ou outro membro da família porque não podemos ter a certeza de que alguém vá fazer tudo por um marido ou um irmão... mas, no que toca a filhos, as pessoas fazem o inimaginável.

Senti alguma estranheza inicial na leitura. Só após bastantes páginas lidas é que percebi porquê. A narrativa está construída com os verbos no presente ("Ela está sentada na paragem de autocarro...", "O carro avança com rapidez...", "Olha para a grande caixa de cartão."). É possível que esta forma de narrar tenha sido propositada, dado que ficamos com a sensação de que tudo está a acontecer neste preciso momento e isso torna a leitura muito mais empolgante.

O livro é de leitura compulsiva, isso não posso negar. A primeira parte está incrível, o desespero da personagem, todo o funcionamento da corrente, o medo incutido nos participantes.
Por outro lado, a segunda parte é mais morna, mais previsível e confesso que achei demasiado fácil a forma como eles encontram os responsáveis por tudo isto. Mesmo assim, apesar de o ritmo se quebrar um pouco, continuamos agarrados e desejosos de descobrir como tudo termina.

Já sentia saudades de um livro como este, que não me desse descanso, cheio de tensão e adrenalina e que acabei por devorar em poucos dias.
Uma leitura que recomendo a todos os apreciadores de thrillers!

Classificação: 4/5 estrelas

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