domingo, 27 de janeiro de 2013

"Temos de Falar Sobre o Kevin" de Lionel Shriver [Opinião]

Há algum tempo que queria ler este livro devido à sua temática e também por saber que já foi adaptado para filme. Gosto de ler sobre crianças e adolescentes problemáticos; aprecio os romances de escritoras como Torey Hayden e Jodi Picoult e, assim, surgiu a vontade de conhecer mais esta autora.

Este romance está narrado em formato epistolar; Eva escreve cartas ao marido ausente, onde conta a história do filho Kevin e expõe todas as suas dúvidas e receios no que concerne à maternidade.
Poucos dias antes de completar dezasseis anos, Kevin matou sete colegas da escola, um funcionário do bar e uma professora. Até que ponto Eva se poderá culpabilizar pela influência que pode ter tido no desenvolvimento da personalidade do filho?

Temos de Falar Sobre o Kevin é uma narrativa dura, cruel, arrepiante, que perturba e prende o leitor e o deixará a pensar no que leu, mesmo depois de percorrer as últimas páginas.

As cartas de Eva estão estruturadas em duas partes: primeiro, ela conta alguns aspetos da sua vida no presente e no período após aquela fatídica Quinta-Feira; de seguida, ela vai contando toda a história de Kevin, desde antes do seu nascimento, mais especificamente desde que tomou a decisão de engravidar.

No início, custou-me um pouco a adaptar-me à escrita da autora; parecia-me que as cartas não passavam de divagações, que não havia forma de a história começar e, portanto, o início foi um pouco aborrecido. Mas assim que li a descrição do nascimento do Kevin, a minha admiração por este livro e pela escrita da autora cresceu e prossegui a leitura com bastante mais entusiasmo. Na verdade, o nascimento do Kevin foi uma das cenas que mais me chocou neste livro, só sendo ultrapassada em brutalidade pela descrição do massacre na escola.

Este não é um romance fácil de ler; é demasiado perturbador e angustiante; arrepia-nos até ao extremo com a sua carga dramática, mas é por esta razão que considero que foi um dos melhores livros que li nos últimos tempos.

Kevin é uma personagem tão magnífica que nem encontro palavras para o descrever. É um miúdo cruel, com uma maldade inesgotável. No entanto, é extremamente inteligente e manipulador, conseguindo desde os primeiros dias colocar os pais um contra o outro. Com a mãe, ele faz de tudo para a deixar furiosa; já na presença do pai, o seu comportamento é igual ao de qualquer criança normal. Esta ambivalência de comportamentos deixa Eva frustrada dado que o marido a acusa de querer culpar o filho por tudo o que de mau acontece.

O final deste livro acabou por ser mais extraordinário do que eu esperava, tão cruel e intenso que devo ter deixado de respirar algures entre as últimas páginas.

Lionel Shriver criou uma obra que merece absolutamente ser apreciada, tal é o impacto que provoca no leitor. Recomendo sem qualquer reserva a sua leitura, principalmente aos leitores mais corajosos. Aqui poderão encontrar uma narrativa intensa que facilmente se tornará inesquecível.

Classificação: 5/5 estrelas

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

"A Vingança de Olhos Negros" de Lisa Gardner [Opinião]

"A Vingança de Olhos Negros" é o terceiro volume da série Quincy & Rainie, da qual já li o primeiro volume, "Minha até à Morte".
A desvantagem de ter lido os livros fora de ordem foi ter encontrado neste livro muitas referências a acontecimentos anteriores (possivelmente do segundo volume) e até um pormenor que me pareceu ser um grande spoiler. Mas sem contar com este aspeto, foi muito bom voltar a ler Lisa Gardner.

Este policial é mais focado no agente especial do FBI Pierce Quincy, que perdeu recentemente a filha, Amanda. O relatório oficial concluiu que a jovem conduzia embriagada quando perdeu o controlo do carro. Mas terá sido mesmo um acidente?
Rapidamente, Quincy começa a perceber que está a lidar com um assassino com uma implacável sede de vingança e que está disposto a destruir todas as pessoas que Quincy mais ama na vida.

A detetive Rainie Conner tem um papel mais importante nesta investigação, ajudando Quincy. A relação entre os dois (que terá talvez começado no volume anterior) vai-se desenvolver ao longo deste livro.

A autora apresenta-nos um policial muito bem estruturado e uma história que envolve cada vez mais o leitor, à medida que se avança nos capítulos. O assassino, que está presente ao longo de todo o livro mas que só conhecemos no final, é uma personagem deveras interessante e inteligente. Sabemos que planeia todos os passos com muito rigor e que não pretende apenas matar as sua vítimas mas principalmente entrar na mente delas, atraí-las com aquilo que mais desejam emocionalmente. Desta forma, todos os seus passos têm como objetivo causar a maior dor possível em Quincy.

O clímax final deste livro é de grande tensão e de leitura compulsiva, tal como eu adoro. Além das armadilhas do assassino e dos seus disfarces, também a polícia nos surpreende com algumas reviravoltas. Todos os pormenores são explicados e é espantoso como a autora constrói uma história tão bem arquitetada.

Definitivamente, Lisa Gardner é uma autora a acompanhar e tenciono ler brevemente mais policiais dela, começando pelos que existem na biblioteca e que estão à minha espera.

Classificação: 4/5 estrelas

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

"As Horas Distantes" de Kate Morton [Opinião]

“As Horas Distantes” foi a minha primeira experiência literária com a autora Kate Morton e fiquei encantada com a leitura.

A história começa quando Meredith recebe uma carta, perdida há mais de meio século. Este acontecimento vai deixar a sua filha, Edie, curiosa acerca do passado da mãe. E é assim que Edie descobre o Castelo de Milderhurst e começa a tentar decifrar os enigmas que envolvem a sua mãe e a relação desta com as três irmãs, residentes no Castelo.

Kate Morton é uma autora muito descritiva. E a formatação muito bem aproveitada deste livro pode facilmente desencorajar os leitores mais impacientes.
Apesar de muito descritiva, a escrita da autora é linda! Ela brinca com as palavras! A sua linguagem é rica e todo o texto está muito bem estruturado, o que transforma esta leitura num prazer. É como se estivéssemos dentro do livro, a percorrer o Castelo de cima a baixo!

No início, custou-me um pouco até me sentir presa à história. Até às 200 páginas, há alguns capítulos um pouco penosos, cuja ação não avança nada, mas que mais tarde são úteis para compreender todos os pormenores, à medida que os segredos vão sendo desvendados.
E este livro está carregado de segredos e mistérios que nos envolvem, quase como se um feitiço tivesse sido lançado subtilmente sobre nós. A leitura torna-se viciante e é com urgência que queremos descobrir a verdade.

A narração vai alternando entre o passado e o presente e, um pormenor que é muito curioso é que nós, leitores, recebemos mais informação do que a personagem Edie. Ela não consegue descobrir toda a verdade, enquanto a nós nos é contado tudo, como realmente aconteceu.

As personagens deste romance são fascinantes, sendo Juniper a mais misteriosa de todas. É muito interessante conhecê-las no passado e no presente, quando já são idosas e viveram toda uma vida naquele Castelo, também elas envolvidas em mistério.

Se recomendo este romance? Sem dúvida que sim! Mas sejam pacientes, pois a história é longa e os segredos não são revelados todos de uma vez. No entanto, o livro é muito envolvente, os cenários são mágicos e o leitor é recompensado com uma história maravilhosa.

Classificação: 4/5 estrelas

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

"Força do Desejo" de Jess Michaels [Opinião]

Da autora de "Tabu", chega-nos um novo romance sensual, “Força do Desejo”, que promete aos seus leitores mais uma história escaldante.

Confesso que este livro não me prendeu tanto como o “Tabu”; é possível que eu esteja a ficar mais exigente neste género literário, à medida que vou conhecendo novos autores.

A história é semelhante a tantas outras. Por um lado, temos uma mulher, Beatrice, que entra na sua sétima temporada sem encontrar marido e, desesperada, percebe que terá de procurar um homem com quem mais ninguém casará. O escolhido é o misterioso Gareth, um homem acusado de ser um assassino.
Mas Gareth é dotado de gostos particulares e não está disposto a casar com nenhuma mulher que seja incapaz de o satisfazer.
Assim, Beatrice e Gareth vão embarcar num jogo erótico de forma a descobrir a sua compatibilidade.

A escrita da autora mantém-se simples e fluida, permitindo uma leitura capaz de fazer corar, através das imensas cenas de cariz sexual.
Além disso, encontramos também uma história razoavelmente interessante e personagens perturbadas por acontecimentos do seu passado.

Gostava que alguns aspetos deste romance tivessem sido melhor aprofundados. Devido ao facto do livro ter um tamanho reduzido, acabei por não me sentir tão ligada às personagens.
Em suma, este é um livro para quem pretende descontrair e fazer uma pausa de leituras mais exigentes. É uma boa escolha para horas de entretenimento com muita sensualidade à mistura.

Classificação: 3/5 estrelas

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

"Os Jogos da Fome" de Suzanne Collins [Opinião]

Há bastante tempo que andava para começar esta trilogia que tem sido tão falada e tão aplaudida. Foram as muitas opiniões positivas que me levaram a querer conhecer este fenómeno literário.

O livro passa-se num futuro pós-apocalíptico, numa nova nação dividida em 12 Distritos – Panem – que surgiu das cinzas do que foi a América do Norte, e é governada pela Capitol através de um regime totalitário.
Todos os anos se celebram os Jogos da Fome e são escolhidos dois adolescentes de cada Distrito para participar neste espetáculo sangrento onde o lema é «matar ou morrer» e de onde só um poderá escapar com vida.

Aviso já que este livro é de leitura compulsiva, é impossível de largar e lê-se de um só fôlego. Eu iniciei-o numa manhã e na tarde do dia seguinte já o tinha devorado.
Tudo neste livro é fascinante: a escrita da autora, as personagens, a história, o suspense a cada página e o final surpreendente!

Começando pela escrita da autora, achei-a excelente, tão simples e acessível, mas repleta de emoção e drama.

A história é de uma originalidade imensa; os Jogos da Fome são uma espécie de reality show macabro e sangrento, que serve de diversão aos habitantes de Panem, uma vez por ano. Os concorrentes são apresentados em exuberantes festividades e, após alguns dias de treino, são lançados na arena, onde terão de fazer tudo para sobreviver. Enquanto eles lutam, caçam, procuram água e refúgio e se matam uns aos outros, os espectadores fazem apostas naquele que acham que será o vencedor. Além dos perigos já existentes na arena, os jogadores ainda têm de enfrentar armadilhas lançadas pelos Produtores dos Jogos, de forma a manter a emoção e a quebrar a monotonia.
É terrível assistir a toda a angústia, sofrimento e luta dos concorrentes; este livro é bárbaro e deixa-nos a pensar em muitas questões mas, e tenho de admitir, é por isto mesmo que ele é tão espetacular.

As personagens são muitas, para todos os gostos, e destaco evidentemente a Katniss, uma jovem forte, corajosa e destemida, muito madura e responsável. Ela sim, é uma personagem em condições e fiquei muito contente por ter o prazer de entrar num mundo onde existe uma personagem tão rica.
Quanto ao Peeta, o jovem que está apaixonado por Katniss, confesso que não me cativou muito. Havia alturas em que gostava dele, mas havia outras em que não gostava.
Estou curiosa acerca do Gale e espero que os próximos volumes explorem melhor esta personagem.

Havia muito mais a dizer sobre este livro que já entrou para a lista dos meus preferidos de sempre, mas vou limitar-me apenas a recomendar a sua leitura, caso ainda não o tenham feito. Leiam e preparem-se para uma história incrível, intensa e inesquecível!

Classificação: 5/5 estrelas

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

"O Verão dos Segredos" de Alison Lucy [Opinião]

Esta foi a minha primeira leitura de 2013 e confesso que acertei em cheio ao escolher um livro tão pouco emocionante para começar o ano.

O livro atraiu-me tanto pela capa (adoro as capas da Quinta Essência!) como pela sinopse que me fez esperar uma história bastante interessante.

A história em si não é má mas acaba por tornar-se demasiado previsível. Vamos conhecendo aos poucos as vidas das três jovens – Megan, Esmé e Cláudia – até que elas se encontram e descobrem a verdade acerca do seu passado.

A escrita da autora é bastante simples e descontraída, não se tornando cansativa para quem deseja ler durante várias horas.

O que menos gostei neste livro foram as personagens. São muitas e diferentes mas mesmo assim não consegui simpatizar com nenhuma delas. As três jovens pareceram-me demasiado imaturas, irresponsáveis e, de certa forma, irritantes. As restantes personagens adultas também deixam muito a desejar.

Tenho de admitir que este livro praticamente não me desencadeou emoções, a não ser a falta de empatia que senti pelas personagens a todo o momento. Não me fez rir nem chorar, nem sentir muita curiosidade pelos acontecimentos. Só senti no final um bocadinho de surpresa pelas revelações que foram feitas mas, no geral, o livro não deixou marca.

Não vou desaconselhar totalmente a sua leitura, até porque certamente outras pessoas poderão vir a gostar dele. Este é apenas o meu ponto de vista.
Não digo também que não voltarei a ler outros livros desta escritora, mas não serão uma prioridade para mim.

Classificação: 2/5 estrelas

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Livro do Mês: Dezembro

E a primeira publicação do ano diz respeito à rubrica do mês para eleger o livro de Dezembro. Neste mês consegui ler 6 livros, o que foi relativamente bom para o mês do Natal. Conheci novos autores e tive oportunidade de finalmente terminar a trilogia Millennium. A escolha do mês é exatamente o terceiro livro da referida trilogia. Aqui está ele!

LIVRO DO MÊS


Quanto à rubrica, estará de volta no próximo mês; até lá, boas leituras!