Correria dos Pássaros Presos é o quarto trabalho publicado de Ana Gil Campos, desta vez em edição de autor. A capa não é muito apelativa, é verdade, e o título também não sugere de imediato o que poderemos encontrar dentro destas páginas.
Muito resumidamente, esta é a história de Cândida, uma mulher insatisfeita com o que a rodeia e que decide deixar de utilizar as redes sociais. Quer encontrar-se e estar mais presente na sua vida e na dos outros.
O livro acaba por transportar-nos para uma espécie de mundo futurista onde as pessoas são extremamente agarradas à tecnologia, à internet, ao telemóvel e às redes sociais. Dito desta forma, não parece nada futurista, uma vez que a nossa relação com a tecnologia já está próxima deste nível de exagero.
Contudo, a história tem uns pequenos pormenores que se aproximam da ficção científica.
A autora apresenta-nos diversas personagens e, com elas, faz uma forte crítica à sociedade, à forma como estamos dependentes da comunicação através das tecnologias e em como, muitas vezes, temos mais facilidade de criar laços virtuais em vez de presenciais. Ela refere também que apregoamos a necessidade de privacidade e depois acabamos por partilhar toda a nossa vida nas redes sociais. Não seremos os primeiros a violar a tão desejada privacidade?
Neste livro, as personagens não precisam de usar a memória; têm um chip implantado no braço onde ficam registadas todas as informações. Se encontram um conhecido na rua, basta aceder à aplicação no telemóvel e ficarão a saber que esse conhecido é afinal o seu melhor amigo.
As pessoas não sabem estar em silêncio, não sabem desfrutar da sua própria companhia, e é por isso que existe à venda na internet uma espécie de kit para aprender a estar em silêncio.
Este livro proporciona de facto reflexões muito interessantes e cheguei até a dar algumas gargalhadas devido ao ridículo de certas situações.
A escrita da Ana é muito bonita e bem trabalhada, tal como já constatei em dois livros anteriores da autora. Ela fez um excelente trabalho de revisão, pois praticamente só encontrei duas ou três coisinhas que eu corrigiria.
A minha maior dificuldade foi conseguir estabelecer uma relação com as personagens. Não sei se isso se deve à dimensão do livro ou à forma como a história é contada. Li com interesse, queria sempre saber mais, mas não me liguei às personagens.
No geral, o balanço é positivo. A leitura é agradável e vale a pena conhecer esta autora portuguesa.
Deixo aqui o link do seu blogue, onde se encontram diversos contactos, para o caso de desejares encomendar o teu exemplar.
Classificação: 3/5 estrelas
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