segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

"A Rapariga no Gelo" de Robert Bryndza [Opinião]


Este livro foi-me emprestado pela minha melhor amiga, que desde logo que me deixou bastante entusiasmada. Já tinha ouvido falar imenso deste autor nas redes sociais e creio que estão publicados em Portugal seis livros dele, tendo o sétimo saído muito recentemente.

Houve um grande hype em torno desta obra e eu também quis perceber o que tinha ela de tão especial. No entanto, devido a algumas más experiências, tenho tendência a ficar um pouco de pé atrás em relação a estes livros que recebem imensa publicidade.

Agora que terminei a leitura, tenho de dizer com sinceridade que não encontrei nada de especial, nada de verdadeiramente impactante neste romance policial que justifique todo o hype em torno dele.

A capa é realmente chamativa, o que é uma grande ajuda para despertar a curiosidade do leitor. Apenas não faz sentido num pequeno pormenor: vemos um olho fechado quando, ao longo da narrativa, é várias vezes referido que a personagem assassinada tem os olhos abertos, como se quisesse dizer alguma coisa.

O livro inicia-se com um homicídio logo no prólogo, que será o ponto de partida da investigação que iremos encontrar. Erika Foster é a inspetora escolhida para liderar a investigação. Enquanto lida com os seus próprios dramas pessoais, Erika vai precisar de muita determinação para enfrentar todas as dificuldades que lhe surgem.
A vítima é uma jovem rica da alta sociedade londrina, pelo que a investigação vai ser condicionada por esta família influente que faz tudo para que a inspetora não se intrometa demasiado na sua vida.

Ao longo da leitura, encontrei imensos clichés que me desconcertaram e me provocaram irritação. Quase todas as personagens femininas são caracterizadas como tendo "seios grandes", a personagem principal tem de lutar contra a discriminação por parte dos seus colegas masculinos e há momentos em que determinadas personagens e pistas aparecem no momento certo, tornando certas partes da narrativa um pouco forçadas.

[Fotografia da minha autoria]

Confesso que embirrei com pormenores que possivelmente passam despercebidos à maior parte dos leitores mas, como leitora ávida que sou, sinto que me tenho tornado mais crítica e exigente em relação ao que leio. Além disso, tenho feito alguns trabalhos de revisão de texto, o que me tem treinado a estar mais atenta aos pormenores.

Um aspeto que achei interessante foi o facto de o autor ter introduzido dois casais homossexuais na sua narrativa. Isto mostra uma grande abertura em abordar um tema que aparece pouco neste tipo de livros, contudo, ao mesmo tempo, a personagem principal farta-se de ser discriminada no trabalho só porque é mulher.

Apesar dos aspetos mais clichés, tenho de concordar que o livro tem velocidade, dinamismo e que serve perfeitamente para entreter durante uma tarde. Os capítulos pequeninos (que resultam muito bem neste género literário) tornam a leitura viciante. A escrita do autor é fresca, sem descrições demasiado maçudas, e por isso lê-se muito bem.

Tal como referi acima, a história não é impactante e não traz nada de novo que justifique ter-se tornado num fenómeno literário. Tenho esperanças de que o autor possa ter evoluído nos romances seguintes que escreveu, pelo que irei certamente dar-lhe uma nova oportunidade.

Classificação: 3/5 estrelas

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