Este romance está narrado em formato epistolar; Eva escreve cartas ao marido ausente, onde conta a história do filho Kevin e expõe todas as suas dúvidas e receios no que concerne à maternidade.
Poucos dias antes de completar dezasseis anos, Kevin matou sete colegas da escola, um funcionário do bar e uma professora. Até que ponto Eva se poderá culpabilizar pela influência que pode ter tido no desenvolvimento da personalidade do filho?
Temos de Falar Sobre o Kevin é uma narrativa dura, cruel, arrepiante, que perturba e prende o leitor e o deixará a pensar no que leu, mesmo depois de percorrer as últimas páginas.
As cartas de Eva estão estruturadas em duas partes: primeiro, ela conta alguns aspetos da sua vida no presente e no período após aquela fatídica Quinta-Feira; de seguida, ela vai contando toda a história de Kevin, desde antes do seu nascimento, mais especificamente desde que tomou a decisão de engravidar.
No início, custou-me um pouco a adaptar-me à escrita da autora; parecia-me que as cartas não passavam de divagações, que não havia forma de a história começar e, portanto, o início foi um pouco aborrecido. Mas assim que li a descrição do nascimento do Kevin, a minha admiração por este livro e pela escrita da autora cresceu e prossegui a leitura com bastante mais entusiasmo. Na verdade, o nascimento do Kevin foi uma das cenas que mais me chocou neste livro, só sendo ultrapassada em brutalidade pela descrição do massacre na escola.
Este não é um romance fácil de ler; é demasiado perturbador e angustiante; arrepia-nos até ao extremo com a sua carga dramática, mas é por esta razão que considero que foi um dos melhores livros que li nos últimos tempos.
Kevin é uma personagem tão magnífica que nem encontro palavras para o descrever. É um miúdo cruel, com uma maldade inesgotável. No entanto, é extremamente inteligente e manipulador, conseguindo desde os primeiros dias colocar os pais um contra o outro. Com a mãe, ele faz de tudo para a deixar furiosa; já na presença do pai, o seu comportamento é igual ao de qualquer criança normal. Esta ambivalência de comportamentos deixa Eva frustrada dado que o marido a acusa de querer culpar o filho por tudo o que de mau acontece.
O final deste livro acabou por ser mais extraordinário do que eu esperava, tão cruel e intenso que devo ter deixado de respirar algures entre as últimas páginas.
Lionel Shriver criou uma obra que merece absolutamente ser apreciada, tal é o impacto que provoca no leitor. Recomendo sem qualquer reserva a sua leitura, principalmente aos leitores mais corajosos. Aqui poderão encontrar uma narrativa intensa que facilmente se tornará inesquecível.
Classificação: 5/5 estrelas
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