Em qualquer momento da minha vida, principalmente naqueles em que eu me sentia mais sozinha, em que sentia a falta de alguém, ele estava lá. Ele estava sempre lá.
Nunca se queixou, nunca se importou com ele, mas apenas e só comigo. Deu-me tudo… e eu nada lhe dei.
Foi o meu pai e a minha mãe, o meu irmão, o meu amigo, o meu namorado, o meu amante, o meu Deus, o meu tudo. Era ele que ouvia os meus medos, as minhas mágoas, os meus desejos, as minhas alegrias. Ele entrava na minha alma e arrancava de lá toda a escuridão.
Sempre achei que agradecer-lhe por cada segundo e cada momento não era suficiente. Mas ele não queria palavras de agradecimento; a sua única vontade era que eu fosse feliz.
Um dia, porém, abandonei-o. Não foi assim de repente, foi aos poucos e poucos, até que deixamos de ter contacto.
Permiti que outros me seduzissem, me fizessem sentir bem. Acreditei que haveria outros como ele. Ah, como estava errada!
Vagueei pelo mundo, saboreei a minha liberdade e rapidamente encontrei aquele que me faria render-me a seus pés. A minha admiração por ele era tanta e tão indescritível que me sujeitei a tudo, sem pensar. Senti-me muito feliz… até ao dia em que ele me apunhalou.
A dor foi horrenda, foi demasiada para que eu a conseguisse suportar. E ai ficou muito escuro, muito barulhento, muito vazio.
Comecei a desejar estar noutro lugar, desaparecer. Lentamente levantei-me e, passo a passo, fui-me aproximando do precipício. Olhei lá para baixo mas faltou-me a coragem, faltou-me algo…
Só quando abri verdadeiramente os meus olhos é que o vi ali comigo. O meu amigo. O meu amante. O meu tudo.
Caí-lhe nos braços e chorei. Chorei muito e pedi-lhe mil perdões. “Porque é que te abandonei?” – perguntei incessantemente.
Ele apenas me abraçava e limpava as minhas lágrimas. E, enquanto eu me sentia a maior pecadora da humanidade, ele aconchegava-me nos seus braços. Por breves momentos, achei que estava a ouvir a voz de um anjo. Mas era apenas ele, o meu amigo, o meu amante, o meu tudo, que me sussurrava ao ouvido: “Vai tudo ficar bem, minha pequena. Vai tudo ficar bem.”.
[Texto da minha autoria, datado de fevereiro de 2010]
Adorei Denise ;)
ResponderEliminarUm beijinho.
Obrigada Mafi :D
ResponderEliminarBeijinho
Gostei muito Denise!
ResponderEliminarTens de escrever mais ;)
Beijinhos
Silvana, obrigada! A inspiração nem sempre anda em alta, por isso fui buscar esse texto, que já tem algum tempo, e do qual também gosto muito :)
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