Os primeiros livros que li de Torey Hayden eram histórias de não-ficção, baseadas em casos verídicos de crianças ou jovens emocionalmente perturbados com quem ela trabalhou.
Vozes Silenciosas é um dos seus romances de ficção e o primeiro que tenho oportunidade de ler. Esta é a história de Conor, um menino de nove anos que chega ao consultório do pedopsiquiatra James Innes com o diagnóstico de autismo. A sua mãe, Laura, é uma romancista famosa e enigmática que não consegue lidar com o filho. O seu pai, Alan, quer impedi-lo de ser enviado para uma instituição. E a sua irmã, Morgana, começa aos seis anos a demonstrar comportamentos preocupantes.
Após o primeiro contacto com Conor, James decide conversar individualmente com os pais do menino, dado que, em psicologia, é muito importante analisar a dinâmica familiar quando se trabalha com qualquer criança ou jovem. Desta forma, o terapeuta recebe informações valiosas que o ajudam a construir um quadro dos problemas da criança, enquanto cimenta a relação com os pais, que muitas vezes se sentem desamparados por não serem capazes de lidar com os filhos.
Embora inicialmente hesitante quanto à terapia, Laura acaba por concordar e é então que James começa a perceber que Laura é uma mulher muito imaginativa e que a sua mente alberga um mundo tão envolvente que parece real.
A partir daqui, o livro centra-se muito em Laura, que começa a relatar a sua história de vida, desde a infância. Paralelamente, vamos lendo também excertos escritos por ela do seu mundo imaginário. Isto faz com que encontremos uma história de fantasia dentro de uma história de ficção.
Apesar de se notar que este não é o registo habitual de Torey (a narrativa está escrita na terceira pessoa e a autora não é a terapeuta), o livro não deixa de ser interessante e perto do fim melhora muito.
Esta é sobretudo uma história sobre a realidade e a imaginação, o que é real e o que não é, e os perigos que podem surgir quando ambas se confundem.
Os últimos capítulos são de leitura compulsiva devido a todo o suspense presente nas páginas que explicam o que originou o problema de Conor. O livro termina de forma surpreendente e deixou-me com a cabeça a andar à roda!
Se são fãs de Torey Hayden, e embora esta não seja uma história verídica, eu recomendo a leitura, que irá certamente fazer-vos pensar.
Classificação: 4/5 estrelas
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