terça-feira, 29 de dezembro de 2020

"Sombras" de Patricia Morais [Opinião]


Sombras é o primeiro volume de uma série da autora portuguesa Patricia Morais, dentro do género da fantasia urbana.

Aqui conhecemos Lilly Ashton, uma jovem que tinha uma vida perfeita, até à noite em que tudo se desmorona à sua volta. De forma a conseguir lidar com a tragédia, Lilly age impulsivamente: muda-se para o outro lado do Atlântico para estudar Folclore e Mitologia. Contudo, depressa percebe que alguns dos monstros que pensava só existirem nos livros, afinal existem mesmo. E é aqui que conhece a organização de caçadores de demónios: os Diabolus Venator.

Iniciei a leitura deste livro com alguma curiosidade. Apenas tinha lido um pequeno conto da autora, publicado na antologia Os Monstros que nos Habitam.

Um primeiro aspeto que considero importante e que me chamou a atenção foi a revisão do livro. A autora referiu que o livro foi revisto pela editora, no entanto encontrei alguns erros e gralhas que me perturbaram e fizeram acreditar que a revisão foi muito superficial. Os autores portugueses têm todo o direito a boas revisões por parte das editoras, uma vez que isso melhora muito o aspeto final de um livro.

Relativamente à história, não é das mais empolgantes que já li mas encontramos algum suspense, momentos de ação e uma pitada de romance, que vão mantendo o leitor curioso.

[Fotografia da minha autoria]

A autora pesquisou imenso acerca do mundo sobrenatural e das criaturas que nele habitam, mas senti falta de mais explicações no livro. Queria ter conhecido novas criaturas mas estas foram mencionadas muito brevemente. A narrativa baseou-se principalmente em guerras entre lobisomens e vampiros, o que considerei cliché, apesar de não ler fantasia com muita frequência.

A minha parte preferida do livro foi a primeira missão da Lilly. Fez-me recordar a série Supernatural, que vi durante muitos anos. Esses dois capítulos estavam incrivelmente bons e senti mesmo que estava a ver um episódio da série. Mais tarde, em conversa com a autora, ela referiu que Supernatural foi uma das suas inspirações e este capítulo foi a forma que encontrou de prestar a sua homenagem à série.

Senti também falta de desenvolvimento em algumas personagens. São muitas e algumas delas pareciam um pouco desligadas, sem crescimento ao longo da narrativa. Liam foi aquele que me gerou mais sentimentos controversos. Parecia quase bipolar: tanto era gentil, como no minuto seguinte já estava a comportar-se rudemente, sem qualquer explicação para isso. As explicações foram chegando aos poucos, mas ainda não estou totalmente convencida e gostava de conhecer mais dele nos volumes seguintes da série.

No geral, não foi um livro marcante, mas ficou a vontade de querer conhecer a continuação da história. Parece-me uma boa leitura para os mais jovens que apreciam fantasia.

Classificação: 3/5 estrelas

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