quinta-feira, 21 de abril de 2016

"A Filha do Barão" de Célia Correia Loureiro [Opinião]


A Filha do Barão é o primeiro romance histórico publicado por Célia Correia Loureiro, autora dos romances Demência e O Funeral da Nossa Mãe.

Tinha muita curiosidade em ver como se sairia a autora a escrever um livro diferente do género com que se deu a conhecer, mas sempre acreditei que ela seria capaz de surpreender os leitores. E creio mesmo que o fez!

A ação deste romance decorre em Portugal, no período das invasões francesas. A história começa a ser narrada em 1805, prolongando-se depois por vários anos em que acompanhamos o desenrolar dos acontecimentos.
Percebe-se que houve uma pesquisa exaustiva por parte da autora, que conseguiu caracterizar na perfeição este momento histórico. Durante a leitura, somos transportados para aquela época, conseguimos vivenciá-la como se nós próprios fossemos uma personagem. Achei tudo muito bem explicado e, embora o livro seja denso, a leitura não se torna maçadora.

As personagens são muito diversas e todas elas apresentam características bem vincadas, portanto é fácil o leitor sentir empatia por umas e acabar por odiar outras. Além disso, elas vão mudando, vão-se desenvolvendo e, tal como acontece na vida, não são perfeitas e cometem erros. Estes erros e as motivações que levam as personagens as fazer o que fazem são muito bem explicados ao longo da narrativa.

No que diz respeito à escrita da autora, esta mostra-se claramente mais desenvolvida e trabalhada, e o vocabulário está adequado de forma excelente à época em que o livro se insere. Apesar do livro ser denso e necessitar de muitas horas de leitura, a escrita da Célia torna esta leitura prazerosa. Não é um livro para ler de forma compulsiva, mas sim para ler devagar e de forma concentrada, enquanto saboreamos cada palavra.

Senti-me indecisa entre atribuir 4 ou 5 estrelas; acabei por me decidir pelas 4, embora seja da opinião que ele merece as 5 estrelas. Quando avalio um livro, tento avaliar sempre a forma como ele me fez sentir e, na verdade, senti-me um pouco mais tocada e conquistada pelos anteriores romances contemporâneos da autora. É, contudo, inegável que a autora tem um grande talento e conseguiu demonstrá-lo em dois géneros literários diferentes.

Em conclusão, este é um excelente romance histórico que devia chegar ao maior número possível de leitores. O facto de retratar um período da história de Portugal torna-o ainda mais especial.
O final foi, de certa forma, de cortar a respiração e acredito que o livro que se seguirá será igualmente bom. Recomendo este romance a todos os apreciadores do género e a quem desejar apostar em ler autores portugueses.

Classificação: 4/5 estrelas

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