sexta-feira, 29 de maio de 2020

"A Agência" de Ally O'Brien [Opinião]


No meu compromisso de ler os livros da estante, decidi pegar neste que está comigo há tanto tempo que nem consigo precisar. Penso que o ganhei num passatempo, pois não me recordo de o ter comprado.

Este é um daqueles livros com uma capa medonha que não chama a atenção e que não damos nada por ele. No entanto, a sinopse é interessante.

Ally O'Brien é o pseudónimo de um duo de escritores: Brian Freeman, autor americano de suspense psicológico, e Ali Gunn, uma agente literária londrina já falecida.

Em A Agência, conhecemos Tess Drake, uma jovem mulher que trabalha numa Agência Literária que opera em Londres e Nova Iorque. Agora que o seu patrão acabou de morrer, ela sente que está na altura de se lançar por conta própria. Mas a indústria do entretenimento é feroz e Tess vai-se meter em grandes sarilhos.

[Fotografia da minha autoria]

Simpatizei com a temática deste livro logo desde o início. Em Portugal praticamente não há agências literárias, mas na América não faltam agentes à procura de novos autores, o que torna este mundo muito competitivo. Gostei de todos os pormenores que encontrei no livro acerca do funcionamento das agências, pormenores estes que acredito que sejam verdadeiros, uma vez que o livro também foi escrito por uma agente literária.

Tess é uma personagem muito carismática, toda cheia de energia e com a língua um pouco afiada. As suas peripécias fizeram-me dar umas boas gargalhadas, mas também torcer por ela. Tess move-se num mundo onde abunda o dinheiro, a ambição, a fama, o sucesso, o sexo, a imoralidade e a vingança. Vale tudo para encontrar e representar os autores com mais chances de se tornarem grandes sucessos.

Apesar de me parecer que este livro foi muito mal divulgado, não deixa de ser uma leitura interessante, embora também não seja propriamente um fenómeno. Não é hilariante, não é um dos livros mais divertidos que já li, mas lê-se muito bem. Parece ótimo para uma tarde descontraída.

Classificação: 3/5 estrelas

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Palavras Sentidas


"Percebera a importância que o perigo podia ter como força motivadora, em parte através da sua própria vida, em parte devido à sua pesquisa sobre os assassinos em série."

Segredos Obscuros
Hjorth & Rosenfeldt

sábado, 23 de maio de 2020

"Os Pássaros" de Célia Correia Loureiro [Opinião]


Os Pássaros é o mais recente trabalho publicado de Célia Correia Loureiro.
A Célia é uma autora que adoro acompanhar. Já li tudo o que ela publicou e, naturalmente, fiz questão de comprar este livro assim que me foi possível.

Segundo palavras da autora, este é um livro diferente de tudo o que já escreveu. Concordo. É um romance muito intimista, escrito a duas vozes e com grande carga dramática. Acredito que poderá não ser para todos os leitores devido à tristeza presente em toda a narrativa. Talvez precisemos de estar com o humor certo para ler este livro.

Em Os Pássaros, conhecemos Manuela e Diogo, um casal que se separou há seis anos. Volvido esse tempo, eles vão refletir sobre os terríveis acontecimentos que levaram a esse desfecho.

O livro está escrito a duas vozes, numa espécie de cartas ou entradas de diário. Logo nas primeiras páginas percebemos que eles escrevem para o filho de ambos.

[Fotografia da minha autoria]

As vozes de Manuela e Diogo são diferentes mas só consegui entendê-las e distingui-las melhor ao fim de um bom conjunto de capítulos. O que achei muito curioso é que ambos são escritores com estilos e objetivos diferentes. Diogo quer ser o melhor, escrever algo genial que fique para a posteridade; por sua vez, Manuela quer dar o melhor aos seus leitores, algo que os entretenha, e isso passa por romances mais simples.
O tipo de escrita de cada um está presente nas suas vozes e foi assim que interpretei as diferenças entre ambos.

A escrita de Célia é incomparável. Nota-se uma grande maturidade neste livro. Não é simples de ler, exige pausas e reflexão, embora por vezes me sentisse tão mergulhada na história que só queria continuar a ler até encontrar todas as respostas.

Este livro trabalha muito bem a dor das personagens, a sensação de vazio e angústia que os acompanha. Eles querer ser capazes de esquecer e superar, mas será que há mesmo forma de viver depois da perda que eles sofreram?

Durante esta leitura, senti quase sempre um tom sombrio, como se o céu por cima da minha cabeça estivesse coberto de nuvens negras. Esse tom adensou-se à medida que me aproximava do final. As minhas perguntas eram muitas. Fui percebendo logo desde o início o que aconteceu, mas queria saber como e quando. E as respostas chegam-nos finalmente num final capaz de nos destroçar o coração.

Gostei mesmo muito deste livro. É cruel, triste e extremamente duro, mas aconselho vivamente a sua leitura. Se vos apetecer explorar uma obra carregada de dor e dramatismo, então leiam Os Pássaros. Vale muito a pena!!

Classificação: 4/5 estrelas

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Palavras Sentidas


"Deves prestar sempre atenção aos teus sonhos, ensinara-lhe a mãe. São vozes que te dizem o que já sabes, sussurrando-te conselhos que ainda não seguiste."

Lembranças Macabras
Tess Gerritsen

quinta-feira, 14 de maio de 2020

"Aquele Beijo" de Julia Quinn [Opinião]


Tenho-me sentido carente e com vontade de leituras leves, divertidas e românticas, por isso, no espaço de um mês, já devorei dois livros da Julia Quinn.

Antes de mais, uma nota em relação a esta capa amorosa mas completamente aleatória, que me desagradou. Passei toda a história à espera que surgisse algum cãozinho e, chegando ao fim... nada! É uma capa bonita, sim, mas que nada tem a ver com a história!

Aquele Beijo é o sétimo livro da série Bridgerton e traz-nos a história de Hyacinth, a mais nova dos oito irmãos.
Tinha imensa curiosidade em conhecer melhor esta personagem, uma vez que é uma jovem que foge um bocadinho aos padrões da sociedade. É muito aventureira, teimosa e tem a língua afiada, o que desde logo prometia imensas peripécias.

Gareth St. Clair é um homem que tem uma relação conflituosa com o pai, que o odeia. Gareth nada sabe sobre o seu passado e, quando recebe um antigo diário, escrito pela avó paterna, percebe que este poderá conter as respostas que procura. O problema é que o diário está escrito em italiano, uma língua que ele não domina de todo.

Achei este livro muito doce e fiquei apaixonada pelas interações entre Gareth e Hyacinth. Adorei a Lady Danbury e a sua personalidade peculiar e fartei-me de rir com os diálogos entre Gareth e Gregory e o irmão mais velho, Anthony.

O diário e a sua tradução conferiram ao livro um certo tom de mistério, aventura e perigo, ingredientes que combinaram na perfeição com a personalidade de Hyacinth.
Agradou-me também ver como ela era tão despachada para umas coisas e tão desastrada e com falta de jeito para as questões relacionadas com o amor.

Creio que o livro cumpriu na perfeição o seu propósito: entreteve-me durante vários dias, fez-me rir e soltar algumas lágrimas, e deixou-me com aquela sensação de leveza e de esperança, fazendo-me acreditar, por momentos, que há um final feliz para todos nós.

Classificação: 4/5 estrelas


Volumes anteriores:
Crónica de Paixões e Caprichos
Peripécias do Coração
Amor e Enganos
A Grande Revelação
Para Sir Philip, Com Amor
A Bela e o Vilão

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Palavras Sentidas


"É a natureza básica do ser humano. Todos pretendemos ser reconhecidos por aquilo que realizamos. Muitos assassinos sentem prazer em assistir ao desenrolar do drama no rescaldo das suas ações. Têm um grande orgulho pelo trabalho feito."

O Carrasco do Medo
Chris Carter

sábado, 9 de maio de 2020

"Vozes de Chernobyl" de Svetlana Alexievich [Opinião]


«A sua técnica é uma mistura vigorosa de eloquência e de silêncio, descrevendo a incompetência, o heroísmo e o luto: a partir dos monólogos dos seus entrevistados, cria uma história que o leitor consegue de facto palpar.»
The Telegraph

Vozes de Chernobyl chegou à minhas mãos ainda antes do início da pandemia em Portugal e acabou por se revelar uma leitura bastante difícil para ler em tempos de Covid-19.

Svetlana Alexievich ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 2015 e afirma-se que criou um novo género literário que é inteiramente seu: os «romances de vozes». O seu trabalho consiste em realizar centenas de entrevistas e depois trabalhá-las, organizá-las num fio narrativo, oferecendo-nos uma história com alma.

Vi no ano passado a série Chernobyl, da HBO, e fiquei com imensa curiosidade de ler algo sobre esta tragédia que eu não conhecia assim tão bem.

O livro de Svetlana Alexievich é extremamente rico em testemunhos e igualmente doloroso de ler. Um texto neste formato, composto por entrevistas e monólogos, já de si não é fácil de ler. Tratando de um tema sensível como este, ganha uma dimensão muito maior.

Precisei de intercalar esta leitura com outros livros pois senti que era demasiada informação e necessitei de muitas pausas para digerir o que estava a ler.

[Fotografia da minha autoria] 

O livro está muito bem estruturado. Inicia-se com uma pequena introdução histórica e depois dá lugar a uma solitária voz humana: o testemunho da mulher do bombeiro Ignatenko. Esta história de amor e de perda destroçou-me o coração.
Seguidamente, o livro encontra-se dividido em três capítulos e, o que achei mais interessante é que todos terminam com um Coro, ou seja, o Coro dos Soldados, o Coro Popular e o Coro das Crianças, todos agrupando diversos testemunhos.
Por fim, termina um outra solitária voz humana, desta vez o testemunho de Valentina, mulher de um liquidador.

Como referi mais acima, acabei por ler este livro durante as piores semanas da pandemia em Portugal e não consegui deixar de encontrar algumas semelhanças de certa forma assustadoras. Algumas partes fizeram-me lembrar a irresponsabilidade das pessoas, o facto de ser mais difícil convencer os idosos a aderir à mudança, o medo de ver pessoas.
Foram dias e semanas em que poderíamos não estar tão bem a nível psicológico, daí ter considerado este livro um verdadeiro desafio.

A história do desastre nuclear de Chernobyl é arrepiante, terrível e monstruosa. Mas é importante ler sobre ela pois faz parte da história mundial. Um livro soberbo e impactante que deveria ser lido por todos!

Classificação: 5/5 estrelas

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Projeto Conjunto | Empréstimo Surpresa [Desafio]


Desta vez, demorei um pouquinho mais com o livro que a Silvana me enviou: o Vozes de Chernobyl. Foi uma leitura difícil e que precisei de intercalar com outros livros.

O desafio que a Silvana me propôs foi muito interessante. Vamos ver?

DESAFIO:

Diário de leitura

O desafio para este livro consiste na criação de um diário de leitura.
Assim, ao longo dos dias em que este livro te acompanhará terás de fazer um registo das tuas sensações, ideias, emoções, pensamentos ou qualquer outra coisa que aches relevante.
Não é necessário fazer registos diários!!

Podes seguir o seguinte exemplo:

Dia 1 - Segunda-feira, 9 de Março de 2019
Leitura: Da página X à página Y
(Registo)


A MINHA RESPOSTA:

Dia 1 – Domingo, 15 de março de 2020
Leitura: primeiras 24 páginas
O prefácio de Paulo Moura deixou-me com uma imensa curiosidade de me lançar para dentro deste livro. Foram mencionados os anteriores livros da autora, cujos títulos escritos com o alfabeto cirílico me recordaram de que preciso de retomar o curso online que comecei a fazer para aprender russo. Já estou esquecida de como se leem certas letras do alfabeto e isso torna mais difícil ser capaz de ler as palavras!
A Introdução Histórica deixou-me agoniada com os números apresentados em relação a este desastre nuclear.

Dia 2 – Segunda, 16 de março de 2020
Leitura: pág. 25-44
Uma solitária voz humana – o testemunho da mulher do bombeiro Ignatenko. Senti-me indignada quando ela contou que quando se anunciou que a cidade seria evacuada, as pessoas ficaram contentes por irem viver em tendas de campismo na floresta. Associei isto de imediato à irresponsabilidade de algumas pessoas no início do surto do coronavírus em Portugal.
Depois senti-me de coração destroçado durante a leitura do restante capítulo. Que história tão triste.

Dia 3 – Terça, 17 de março de 2020
Leitura: pág. 45-56
Entrevista da autora consigo mesma. Surpreendeu-me que ela tenha demorado quase vinte anos a escrever este livro e senti-me orgulhosa por ela considerar que Liudmila Ignatenko é uma das suas heroínas.

Dia 4 – Terça, 24 de março de 2020
Leitura: pág. 57-81
Iniciei o Capítulo 1 – Terra dos Mortos – e senti-me bastante sensibilizada com o testemunho de Nikolai, um pai que nos conta que perdeu a filha de sete anos devido à radiação.

Dia 5 – Quarta, 25 de março de 2020
Leitura: pág. 81-116
Encontro cada vez mais semelhanças com a situação atual: os idosos eram os mais difíceis de convencer de que teriam de abandonar as suas casas devido à radiação; outro testemunho refere que os homens estavam a morrer mais que as mulheres.
Fico parada quando vejo frases como “Tenho medo quando vejo muita gente.”, neste testemunho, a pessoa falava sobre o medo da guerra e dos homens com espingardas. E não deixo de fazer paralelismos com a Covid-19.
Terminei o capítulo; achei muito interessante o Coro dos Soldados, mas igualmente difícil de ler, com alguns testemunhos realmente chocantes.

Dia 6 – Sábado, 11 de abril de 2020
Leitura: pág. 117-137
Depois de uma pausa de alguns dias, iniciei o Capítulo 2 – Obra-prima da criação – e um dos textos que mais me impressionou foi o monólogo dos caçadores contratados para percorrer as ruas e matar os animais domésticos de forma a evitar epidemias. Recordo-me de que foi das cenas que mais me impressionou também na série.

Dia 7 – Sexta, 17 de abril de 2020
Leitura: pág. 136-166
Senti-me muito triste com o testemunho de uma senhora idosa que estava a ser evacuada de casa e se recusava a deixar o seu gatinho para trás. Adoro as minhas gatas, que são tratadas como membros da família, por isso é doloroso ler tudo o que diz respeito a animais.

Dia 8 – Domingo, 19 de abril de 2020
Leitura: pág. 167-216
Li uma comparação muito interessante entre Chernobyl e a tragédia do Titanic, no que diz respeito ao comportamento das pessoas que, neste caso, continuavam a festejar, a conviver, a dançar, enquanto no fundo do navio a água inundava já os porões inferiores.
Por fim, no final do capítulo foi especialmente difícil ler o Coro popular, com testemunhos dolorosos de pessoas que perderam maridos, filhos, e viveram rodeados de doença e morte.

Dia 9 – Sexta, 24 de abril de 2020
Leitura: pág. 217-250
Iniciei o Capítulo 3 – Admiração pela tristeza – e um dos testemunhos que mais me impressionou foi o de Nina, mulher de um liquidador.

Dia 10 – Domingo, 26 de abril de 2020
Leitura: pág. 251-279
Anotei as duas frases seguintes:
“Perturbou o nosso equilíbrio. A nossa confiança em todas aquelas coisas em que estávamos habituados a confiar.”
“Chernobyl está em toda a parte, à nossa volta, não temos escolha – temos de aprender a viver com ele.”
Referem-se à tragédia de Chernobyl mas impressionaram-me porque se adequam perfeitamente à situação de pandemia que vivemos atualmente.

Dia 11 – Segunda, 27 de abril de 2020
Leitura: pág. 280-302
Impressionou-me o testemunho de Vassíli, um físico, antigo diretor do Instituto de Energia Nuclear, devido à forma como ele lutou para salvar as pessoas, de como levantou a voz e se fartou de ser ignorado pelo governo, que simplesmente afirmava que tudo estava controlado. Um testemunho arrepiante!

Dia 12 – Quinta, 30 de abril de 2020
Leitura: pág. 281 até ao fim
Achei muito interessante que no final de cada capítulo a autora incluísse um coro. Depois do Coro dos soldados e o Coro popular veio o Coro das crianças, talvez um dos mais difíceis de ler devido à visão tão inocente das crianças em relação a esta terrível tragédia e à morte.
Por fim, a autora terminou o livro da mesma forma como o começou – com uma solitária voz humana. Foi a vez de Valentina, mulher de um liquidador, nos contar a sua triste e tocante história.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Palavras Sentidas


"Às vezes é preciso ter a morte diante dos olhos para olharmos para trás e percebermos que não nos orgulhamos da forma como conduzimos a nossa vida."

O Cliente
Vi Keeland

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Aquisições: Abril

Chegou ao fim mais um mês estranhíssimo. Estou a atravessar uma fase de desmotivação para a leitura e por isso li pouco, embora a vontade de ler esteja a reaparecer.

Vamos ver que livros chegaram cá a casa durante o mês de abril?
- Aproveitei os Momentos WOOK, logo no primeiro dia do mês, e adquiri por um preço mais reduzido o novo romance da Célia Correia Loureiro. Estou muito curiosa e quero lê-lo em breve!

COMPRA


- No mesmo dia, recebi ainda um novo livro oferecido pelo autor José Rodrigues. Como eu não me senti cativada pelo anterior romance que li, o autor fez questão de me oferecer este título. Será que me conseguirá cativar?

OFERTA


E foram estas as novas aquisições para a estante.
E vocês, que livros adquiriram este mês?