quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Projeto Conjunto | Empréstimo Surpresa [Os motivos]



Já chegou à casa da Silvana um novo livro para dar continuidade ao nosso empréstimo surpresa.

Este foi o escolhido:


Motivos da minha escolha:

A Silvana estava a tentar preencher uma categoria de um desafio no qual está a participar — Lê o livro mais recente de um autor português — e eu lembrei-me que este livro se encaixava na perfeição nessa categoria. Entretanto, ela já conseguiu outro livro, mas decidi manter a minha escolha. Vou dar-lhe oportunidade de ler uma nova autora portuguesa e acredito que o livro a ajudará a preencher alguns dos seus outros desafios anuais.

Desejo-te uma boa leitura, Silvana!

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Palavras Sentidas


"...as pessoas que cometem erros normalmente aprendem com eles. Isso não faz delas hipócritas. Faz delas experientes."

Sempre Tu
Colleen Hoover

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

"Escrito na Água" de Paula Hawkins [Opinião]

 
De vez em quando surge um autor que causa um burburinho gigantesco com o lançamento de um dos seus livros. Foi o que sucedeu com A Rapariga no Comboio, em 2015, que recebeu uma campanha publicitária incrível e que eu tive oportunidade de ler ainda antes do lançamento. Tal como referi na minha opinião, acabei por não achar o thriller assim tão alucinante como eu esperava.
 
O segundo romance da autora, Escrito na Água, veio envolto no mesmo burburinho. Decidi lê-lo este ano, embora sem criar expectativas elevadas.

Esta história conduz-nos até uma pequena localidade, onde um rio já tirou a vida a demasiadas mulheres ao longo dos tempos. Nel vivia obcecada com essas mortes e estava determinada a encontrar respostas. Contudo, agora é ela que aparece morta.
Será a sua irmã, Jules, quem terá de enfrentar terríveis recordações do passado, de forma a descobrir o que realmente aconteceu com Nel.

Não sei muito bem o que se passou entre mim e este livro. Demorei imenso a sentir-me cativada e precisei de insistir comigo mesma para continuar a ler, até chegar a um momento em que o próprio mistério foi o suficiente para manter a minha atenção até ao fim.

[Fotografia da minha autoria]
 
No livro anterior, a autora contou a história na perspetiva de três personagens. Aqui, temos o ponto de vista de nove ou dez personagens, alternando também entre a primeira e a terceira pessoas. Por um lado, resultou muito bem, pois foi possível ver como várias personagens reagiam a uma mesma situação. Contudo, por outro lado, achei esta constante mudança muito confusa. No início ainda não sabia quem era quem e, mais tarde, quando já reconhecia as personagens, sentia que continuava a precisar de um enorme esforço mental só para me situar com tantos saltos de personagens.

Talvez este não tenha sido o meu único problema com o livro. No geral, pareceu-me muito parado, com quase nenhuma ação. Não é que este aspeto seja mau de todo, uma vez que o livro se centra sobretudo nas memórias das personagens, nas recordações cinzentas do seu passado. Eu, como leitora, é que tenho uma especial preferência por thrillers mexidos, que me ofereçam adrenalina ao virar de cada página.

Devo reconhecer, no entanto, que a autora trabalhou muito bem as emoções das personagens, os instintos humanos e o medo de voltar a enfrentar os fantasmas do passado.
Gostei igualmente de toda aquela espécie de misticismo que envolvia o rio, como se ele fosse um pouco uma entidade sobrenatural com vontade própria.

Embora este thriller não me tenha fascinado, vou certamente ficar atenta a futuros trabalhos da autora.

Classificação: 3/5 estrelas

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

"Por Amor à Língua" de Manuel Monteiro [Opinião]


Este livro despertou a minha curiosidade desde que foi publicado. Estava na minha lista de desejos e, finalmente, este ano surgiu a oportunidade de o adquirir.

Gosto imenso de aprender tudo o que posso sobre a Língua Portuguesa. Tento informar-me, pesquisar, estar a par de todas as mudanças, uma vez que costumo escrever bastante, bem como realizar alguns trabalhos de revisão de texto.

Por Amor à Língua, de Manuel Monteiro, é um livro repleto de ensinamentos e devo dizer que me abriu os olhos para muitos aspetos da língua e da gramática. Este autor já trabalhou durante alguns anos como revisor para diversas editoras e fiquei surpreendida com o seu conhecimento.

Este livro (cuja capa eu considero ser bastante apelativa) encontra-se estruturado em dez capítulos.
 
O primeiro aborda a utilização excessiva do pleonasmo na linguagem escrita e falada, muito raramente utilizado com intenção e originalidade. O autor recorre a inúmeros exemplos, sendo um deles o «Há duas horas atrás» ou «Há um ano atrás». Quantas vezes não ouvimos esta expressão na televisão, usada pelas mais diversas figuras públicas? E quantas vezes não usamos esta expressão na oralidade, sem notarmos que estamos a cair num pleonasmo? Para escrevermos corretamente, não devemos usar o «há» com o «atrás».

No segundo capítulo, o autor fala sobre adjetivos, explicando os perigos da sua utilização constante. Dentro desses perigos estão os lugares-comuns, ou clichés, dos quais é importante fugir sempre que possível.

O capítulo que se segue aborda a eufonia, ou seja, a relação entre as palavras e a música, a harmonia resultante da junção de vários sons. O autor alerta para a importância de se estar atento à utilização excessiva de «ques» e de pronomes.

O quarto capítulo aborda um pouco o discurso direto, a forma como as personagens falam, a presença do narrador e a importância de se ter cuidado com a pontuação.

No capítulo seguinte o autor apresenta uma breve reflexão sobre a utilização de palavras caras e a importância de se cultivar a diversidade vocabular.

O capítulo sexto convida-nos a refletir acerca da utilização imparcial das palavras nos textos informativos e das palavras estrangeiras. Cada vez mais, vemo-nos rodeados de estrangeirismos que utilizamos no nosso dia a dia, alguns dos quais já passaram a estar incluídos nos dicionários. Muitos poderão ser da opinião de que as palavras estrangeiras tornam a nossa língua mais rica, mas o autor não concorda com este ponto de vista e explica porquê.

O sétimo capítulo foi um dos que achei mais interessantes. Aqui, o autor aborda as palavras e expressões ubíquas, isto é, as palavras que estão em todo o lado e que utilizamos a toda a hora, por familiaridade. Alguns exemplos são o «aperceber-se», o «a partir de», o «evento» (uma palavra que está na moda usar-se para quase tudo), «o facto de», «líder» (um anglicismo que também se usa para quase tudo), o «eventualmente» (palavra que usamos com o significado errado), entre outras.

O capítulo oitavo é igualmente muito interessante, uma vez que dá voz à pessoa desaparecida, ou seja, aos erros gramaticais que cometemos com a segunda pessoa do plural: vós, vosso, vossa, convosco. Foi um dos capítulos que mais me deixou boquiaberta, uma vez que eu própria também cometo muitos desses erros, por familiaridade e porque é um erro muito comum na oralidade.

O penúltimo capítulo é o mais longo. Aborda o Acordo Ortográfico e apresenta um conjunto de textos que o autor escreveu para diversos jornais e que, posteriormente, compilou neste livro. Achei alguns dos textos um pouco repetitivos, dado que abordam os mesmos assuntos, mas não deixam de ser uma leitura que nos faz refletir acerca do tremendo disparate que é o Acordo Ortográfico e das confusões que ele veio gerar.
Eu utilizo o Acordo Ortográfico no meu dia a dia porque, quando estava a escrever a minha tese de Mestrado, passou a ser obrigatório e tive de me adaptar. Mas não gosto, acho-o confuso e o autor explica imensas vezes que os próprios criadores do Acordo não se entendem, bem como os dicionários.

Por fim, um pequeno capítulo final que me agradou imenso e onde o autor conta algumas histórias da revisão. Elas ajudam-nos a perceber a importância fundamental do trabalho do revisor, a quem nem sempre reconhecemos o devido valor. Por vezes, encontramos erros e/ou gralhas nos livros e temos tendência de imediato a culpar o revisor. O autor explica que é muito raro a culpa ser do revisor: muitas vezes pode ser o paginador que mexe sem aviso, pode haver sobreposição de ficheiros ou outros desastres tecnológicos, o revisor raramente recebe as últimas provas e, nos dias de hoje, há imensa pressa em ter os trabalhos prontos.

Em conclusão, este é um livro muito crítico, com um tom bastante mordaz, mas extremamente útil e informativo. Está bem estruturado, repleto de exemplos e bem fundamentado, ou seja, o autor não se limita a dizer o que está mal e errado, ele explica de forma convincente as razões por que devemos abandonar alguns dos nossos vícios e usar com mais cuidado a nossa língua. É, na minha opinião, um livro fundamental para professores, escritores, revisores e quem trabalha com a palavra escrita.

Classificação: 4/5 estrelas

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Palavras Sentidas


"O problema é que o amor não é assim tão parecido com a amizade como dizem. Ele precisa sempre, sempre, das palavras, sabes? E quando elas passam meses e anos sem aparecer, há um vazio que se vai apoderando da nossa esperança, como se estivéssemos prestes a mudar de casa, mas não conseguíssemos passar da porta para fora. Quando duas pessoas que se amam deixam de conversar, faz sempre frio dentro de uma casa."

Cassiopeia
Joana Ferraz

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Projeto Conjunto | Empréstimo Surpresa [Desafio + Entrevista a Susana Amaro Velho]


Após regressarmos ao nosso projeto de empréstimo surpresa, eu e a Silvana regressamos também aos desafios para os livros que lemos.
Este é o desafio para o livro O Bairro das Cruzes.

DESAFIO:

A publicação de um livro é uma amostra da quantidade de trabalho que a escrita do mesmo implica.
O processo de construção de um livro é um trabalho muito próprio do escritor, deixando algumas curiosidades como exemplo quanto tempo o escritor demorou a escrever o livro, que tipo de pesquisas fez

Daniela, o que é que gostarias de saber mais acerca da escrita deste livro?

A MINHA RESPOSTA:

Pensei em quatro questões que gostaria de colocar à autora. E, para tornar o desafio ainda mais interessante, contactei a Susana e pedi-lhe que respondesse a essas mesmas questões.

Assim, deixo-vos com esta pequena entrevista a Susana Amaro Velho, a quem agradeço, desde já, a simpatia e a disponibilidade.

Daniela: Como te surgiu a ideia para este romance?

Susana:
Não posso dizer que a ideia tenha surgido, propriamente. Até porque quando me sento a escrever é muito raro ter um plano delineado. Deixo que a escrita simplesmente flua. O Bairro das Cruzes foi escrito na minha licença de maternidade. Numa altura da minha vida completamente diferente de tudo o que até aí havia experienciado. Era Inverno. Estava sozinha em casa com um bebé. Esta foi a minha forma de me evadir. De sair de casa, de explorar histórias e caminhos. De conhecer novas personagens. Costumo dizer que escrever este romance alimentou-me o espírito e contribuiu para que não perdesse a sanidade mental, porque me permitiu continuar a ser a Susana e a viver fora de casa, mesmo tendo visto castradas, nessa altura, algumas liberdades.

D: Uma vez que a ação do livro decorre ao longo de importantes acontecimentos históricos do nosso país (como as cheias de 1967, em Lisboa, e o 25 de abril), que tipo de pesquisa fizeste para o escrever?

S: Sou uma apaixonada por história contemporânea. Tenho imensos livros sobre o Estado Novo, o Golpe do 25 de Abril, sobre a PIDE, por exemplo, romanceados e de cariz mais histórico. Lembro-me de ser pequena, de ir com o meu avô a Peniche e de ficar curiosa com o Forte e todo o misticismo que envolve essa parte da história, que, para mim e na altura, era quase impossível de crer verdadeira. Sempre li muito. Sempre perguntei muito. E tenho, de facto, alguns familiares que viveram de perto o Golpe. Que sofreram as consequências atrozes da vida durante o regime fascista. Tudo isso torna a história mais envolvente e quase minha, porque também cresci num Bairro camarário, onde viviam os meus avós. Porque também conheci quem pertencesse à Legião Portuguesa. Porque sempre me perguntei como seria estar lá, em 1974, e esta foi a minha forma de fazer parte disso.
Foi necessário um trabalho de casa dedicado, mas nada difícil de executar. Li. Vi documentários. Perguntei. E anotei. Foi um trabalho muito enriquecedor e que me deixa saudade. Os capítulos dedicados ao 25 de Abril foram os que mais prazer me deram escrever.

D: Qual foi a personagem que mais gostaste de criar e porquê?

S: O avô Zé. Perdi o meu avô quando ele tinha 58 anos, depois de uma luta inglória e demasiado rápida contra o cancro. Era como um segundo pai, sendo a minha mãe filha única e tendo eu somente um irmão. Criar o avô Zé foi, também, ter novamente um bocadinho o meu avô Zé, outra vez, perto de mim. Este avô, ainda que muito diferente do meu, também tinha uma figueira. Também fazia biscates. Também sorria e lia a neta como ninguém. É a minha personagem mais querida, por esse motivo. E será, também, inesquecível por tudo o que representa para mim.

D: Fala-nos um pouco da tua rotina de escrita.

S: Não tenho e nunca tive rotina de escrita. Sempre o fiz por impulso. Sem horas ou objectivos traçados. Talvez porque o faço de forma amadora e ao meu ritmo. Quando a cabeça me pede. Lembro-me de ter sempre um caderno na mala, desde que sou gente. De anotar coisas em diários. De saber que há memórias que só vivem no papel e essa sempre foi uma forma de estar na vida. Mas nunca me obriguei a escrever. Tanto que tenho um blogue que, ultimamente, nem actualizado é. Simplesmente, porque não tem de ser. Não quero escrever por obrigação. Com dias marcados. Quero fazê-lo quando sentir que devo e quando o que partilho acrescenta alguma coisa a quem o lê. Escrever para picar o ponto não tem nada a ver comigo e, uma vez que este não é o meu ganha-pão, espero poder continuar a escrever sempre que isso for uma coisa prazerosa e não uma imposição. Só assim faz sentido.

Mais uma vez, obrigada, Susana!

domingo, 16 de agosto de 2020

"As Filhas de Eva" de Louise O'Neill [Opinião]

 
«É um livro perspicaz e inquietante. [...] O'Neill incita-nos a refletir sobre a nossa própria sociedade, uma sociedade que promove 'corpos descarnados e rostos sem feições' como exemplos máximos de perfeição e beleza»
The Telegraph

As Filhas de Eva tem sido um livro muito falado na comunidade do Instagram. Despertou a minha curiosidade por se tratar de uma distopia que faz também uma crítica à sociedade atual. Além disso, como estava esgotado em todo o lado, tornou-se um objeto de grande procura e tenho de confessar que acho desafiante vasculhar a internet em busca de um exemplar de um livro esgotado. Acabei por encontrar um no OLX, em segunda mão, e comprei-o de imediato!

Comecei a lê-lo alguns dias depois, com as expectativas relativamente elevadas e posso afirmar que não me senti defraudada. Foi uma leitura muito diferente do que tenho lido tanto ultimamente como em comparação com outras distopias que já li. 

Em As Filhas de Eva, as raparigas não nascem de forma natural, são desenhadas nos mais rigorosos critérios da perfeição e passam toda a sua vida numa Escola, onde aprendem as artes de satisfazer os homens. A sua finalidade é tornarem-se Companheiras, sendo-lhes permitido viver com o marido e gerar filhos. Aquelas que não conseguirem tornar-se-ão Concubinas ou Castidades (estas últimas são as professoras da Escola, a quem é removido o útero, por já não ser necessário).

Se esta pequena introdução já se afigura bem intrigante, imaginai o que será entrar nesta leitura. Tudo neste livro é completamente bizarro, absurdo e revoltante de se ler.

Por vezes, as personagens adolescentes com quem me cruzo nos livros são demasiado dramáticas para o meu gosto. Nem todos os livros sobre adolescentes me conseguem cativar pois já não me identifico muito com esta faixa etária. Este livro deixou-me completamente exasperada com os comportamentos fúteis destas jovens, que pensavam unicamente em maquilhagem, em roupa e em contar todas as calorias daquilo que comiam.

Claro que estes comportamentos são os esperados nesta Escola que pretende formar as melhores alunas para se tornarem esposas dos Herdeiros. Mesmo assim, é repugnante ver toda a malícia e competição que existe entre as jovens. São egoístas e mesquinhas umas com as outras. Todas as semanas são avaliadas e recebem uma nota consoante o seu peso e os seus padrões de beleza, o que significa que existe ali um ambiente de competição constante.
Estas jovens não aprendem sequer a ler, porque não se espera que as mulheres sejam inteligentes. Elas devem ser submissas e obedientes aos homens. Se alguma delas quisesse ver o Canal da Natureza, tinha de o fazer às escondidas; contudo, têm à sua disposição canais para assistir a reality-shows.

[Fotografia da minha autoria]

A história é-nos narrada no ponto de vista de freida, uma aluna do último ano. Escrevo o seu nome com inicial minúscula pois é assim que todos os nomes das mulheres são escritos no livro. Este foi um pormenor que achei interessante no mundo que a autora criou: as mulheres são tão insignificantes, tão inúteis, tão rebaixadas, que nem o seu nome próprio é digno de uma inicial maiúscula, ao contrário do que acontece com os nomes dos homens.

Freida deu-me uma certa pena logo desde os primeiros capítulos. Pareceu-me extremamente deprimida pois a sua melhor amiga — isabel — uma das jovens mais populares, de um momento para o outro, afastou-se dela sem qualquer explicação. E, pior ainda, começou a engordar — o comportamento mais impensável e indesejável nesta Escola. Freida vai viver momentos angustiantes enquanto tenta, de todas as formas, juntar-se às mais populares da turma e ser novamente aceite.

Confesso que o início do livro não estava a conseguir cativar-me. A ação decorre mais lentamente, à medida que nos vão sendo explicadas todas as dinâmicas da Escola. Não era que não estivesse a gostar mas, como lia pouco por dia, ficava a sentir que tudo decorria em volta de maquilhagem, roupa e calorias, o que me começou a irritar. Posteriormente, tive uma tarde em que consegui adiantar a leitura e vi-me completamente viciada. Não consegui descansar enquanto não descobri como tudo terminava.

Este é um livro revoltante, com um mundo extremamente bem construído e que aborda temas muito pertinentes, como a pressão dos pares, o papel da mulher, a procura constante por aceitação. Apresenta uma forte crítica à sociedade em que vivemos, que ainda dá muita importância ao aspeto e ao comportamento das mulheres. É certo que tudo o que está no livro pode parecer exagerado, mas muitos destes comportamentos são ainda perpetuados pelas jovens de hoje em dia.
 
Uma leitura que recomendo a todos os que tiverem curiosidade pelo tema e principalmente aos jovens. É um livro importante e que nos faz pensar.

Classificação: 4/5 estrelas

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Palavras Sentidas

[Photo by Marius Muresan on Unsplash]

"A beleza é uma atitude. Tem a ver com confiança. É a mensagem que transmitimos ao mundo. (...) É preciso ser um bocado irreverente para se ser bonita, é como se soubéssemos que possuímos algo que as outras pessoas desejam, mas que não podem ter. A beleza está ligada ao ego."

A Agência
Ally O'Brien

sábado, 8 de agosto de 2020

"A Paciente Silenciosa" de Alex Michaelides [Opinião]

 
«Impossível parar de ler, profundamente impressionante e intenso, com uma imprevisibilidade tal que mesmo o leitor mais familiarizado com livros de suspense sentirá suores frios.»
Booklist

Este thriller despertou a minha curiosidade no momento em que foi lançado em Portugal. O mistério de uma personagem que mata o marido e nunca mais diz uma palavra encheu-me de imediato as medidas.

Alicia Berenson tem tudo para ser feliz. É uma pintora jovem e famosa, vive numa casa sublime com o marido, Gabriel, um fotógrafo de moda. Uma noite, quando ele chega a casa, ela mata-o com cinco tiros e nunca mais diz uma palavra.

A sua recusa em falar transforma-se num mistério para a comunicação social. E para o leitor, claro!

O que aconteceu realmente naquela noite? Por que razão Alicia assassinou o marido? E por que razão se recusa a falar?

Passados seis anos, Theo Faber entra em cena. É um psicoterapeuta curioso pelo caso e que há muito desejava trabalhar com esta paciente. Está determinado em fazê-la falar e conseguir, por fim, desvendar todo este misterioso assassínio.

Não sabia muito bem o que esperar deste livro mas devo confessar que não esperava que a história se centrasse tanto em Theo. É ele quem nos conta toda a história de Alicia e é na sua perspectiva que acompanhamos o desenrolar dos acontecimentos desde que ele chega à clínica.
De Alicia vamos tendo alguns vislumbres através de um diário que ela foi escrevendo algum tempo antes da data do crime.

A primeira metade do livro não é propriamente empolgante. A história desenvolve-se a um ritmo mais lento e é ainda muito cedo para desvendar o mistério. Contudo, a nossa curiosidade mantém-se e garanto-vos que o livro cumpre o que promete na premissa.

A terapia acaba por ter um papel menos relevante na história e é como se tivesse sido moldada para se enquadrar nos propósitos do autor.

[Fotografia da minha autoria]
 
Theo é uma daquelas personagens com quem formamos uma empatia um pouco estranha. À medida que vamos tendo conhecimento da sua tragédia pessoal, vamos percebendo que ele é um homem cheio de fantasmas, ainda com alturas da sua vida em que se sente muito inseguro e fragilizado. Está a passar por problemas no casamento, porém, a forma como se comporta também não é das melhores.
Em variadas alturas cheguei a pensar que ele não era a pessoa ideal para tratar Alicia e que ele próprio também deveria estar internado. Acredito que, quando todo o livro se passa numa clínica psiquiátrica, seja difícil manter a sanidade!

O autor soube dosear muito bem o suspense ao longo de toda a narrativa. Nada neste livro é o que parece e chegamos até a duvidar da culpabilidade de Alicia, uma vez que ela estava rodeada de gente estranha: um cunhado assustador, um primo mentiroso e um ganancioso dono de uma galeria de arte. Ou seja, todos teriam motivos legítimos para assassinar Gabriel e culpar Alicia.

O final do livro é completamente imprevisível. Aquele parágrafo final, a alguns capítulos do fim, é como levar uma bofetada. É um balde de água fria que nos cai em cima. É a reviravolta alucinante que nos permite compreender de imediato tudo o que não fomos capazes de ver ao longo do livro.
Já li muitos thrillers, estou familiarizada com este género que adoro e posso afirmar que esta terá sido uma das melhores reviravoltas finais que encontrei neste género de livros. Incrível!

Se ficaram curiosos, leiam! Desafio-vos a tentar desvendar o mistério antes de este vos ser revelado. 

Alex Michaelides é um autor que pretendo continuar a acompanhar. A Paciente Silenciosa é a sua obra de estreia e mal posso esperar por ter nas mãos mais livros deste autor!

Classificação: 4/5 estrelas

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Palavras Sentidas


"As pessoas querem saber tudo da vida dos outros, apenas para se certificarem de que não são o fundo do poço, que há quem esteja pior."

Os Pássaros
Célia Correia Loureiro

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Bando Lusitano | Agosto: Leitura de Verão


O Bando Lusitano é uma iniciativa que partiu da Silvana e que tem como objetivo a divulgação de um livro de um autor português, todos os meses, durante um ano. Ela dá uma temática e nós apenas temos de escolher um livro que se enquadre nela.

Este mês somos convidados a escolher uma boa leitura para o mês das férias.

Havia vários livros que eu poderia recomendar mas decidi escolher um romance de estreia de uma autora portuguesa que foi publicado este ano e que merece mais divulgação e mais atenção por parte dos leitores.
Na altura em que o li, achei-o uma verdadeira lufada de ar fresco. A escrita da autora é bonita, sem demasiados formalismos, e a narrativa cativa o leitor, deixando-o desejoso de explorar toda esta história.

Falo-vos do Cassiopeia, de Joana Ferraz.


Não acham a capa super apelativa?

Espero ter despertado a vossa curiosidade por este livro. Se quiserem, podem também ler a minha opinião completa aqui.

Boas leituras e um ótimo verão!

sábado, 1 de agosto de 2020

"Vidas Adiadas" de Dorothy Koomson [Opinião]


Vidas Adiadas é o mais recente trabalho de Dorothy Koomson. Dez anos depois, ela regressa com Poppy e Serena, as protagonistas de Um Erro Inocente.

Tratando-se de uma sequela, é fundamental que leiam o Um Erro Incente para conhecerem toda a história das Meninas do Gelado e poderem tirar o melhor proveito deste novo romance.

Eu li-o em 2015 e, uma vez que guardava poucas recordações e não queria estar a lê-lo de novo, encontrei uma leitora no instagram que o leu recentemente e se dispôs a fazer-me um pequeno resumo do final do livro e de como tinha ficado a vida das personagens.
Isso ajudou-me bastante a entrar na história. Além disso, há neste livro imensas referências ao livro anterior, pelo que a nossa memória está constantemente a ser refrescada.

Ler Vidas Adiadas foi o reencontro com duas personagens muito queridas. Poppy e Serena passaram por verdadeiros tormentos e adorei ver como prosseguiram as suas vidas dez anos após os acontecimentos do primeiro livro.

Além das perspectivas de Poppy e Serena, este livro traz-nos uma nova personagem principal: Verity, a filha de Serena. Assim, temos uma narrativa contada a três vozes, com acontecimentos que vão interligar as três mulheres e o passado das duas mais velhas.

[Fotografia da minha autoria]

Simpatizei de imediato com a Verity e com a sua personalidade. Confesso que adorei a forma como a autora iniciou o livro. Assim que li o primeiro capítulo da Verity, pensei "isto não vai correr nada bem" e, de facto, não correu.

Em Vidas Adiadas temos mentiras. Muitas mentiras. Verity mente, Serena mente desde sempre e Poppy vive ainda assombrada pelas mentiras. Assistimos à forma como as vidas de todos os envolvidos vão voltar a desmoronar-se devido às mentiras.

Com o talento a que a autora já nos habituou, neste novo romance, cujo título original — All my lies are true — me agrada muito mais do que o título português, poderemos encontrar uma dose bem generosa de dramas familiares, conjugada com a temática das relações abusivas e de como a justiça nem sempre é justa. Temos romance, mentiras e imensas reviravoltas.

O livro é extremamente bom, está estruturado de forma muito inteligente, cativando-nos e fazendo-nos desconfiar de tudo e de todos. No final, as personagens acabam por receber o consolo de que necessitavam para prosseguir de vez com as suas vidas, sem mais assombrações do passado, e quero acreditar que elas desta vez vão conseguir.
Uma sequela incrível e imperdível do romance Um Erro Inocente. Não deixem de ler!

Classificação: 4/5 estrelas

Nota: Este livro foi-me disponibilizado pela editora em troca de uma opinião honesta.