Hoje comemora-se o Dia do Livro Português e decidi assinalar a data trazendo-vos a opinião de um livro de José Saramago.
Esta foi a minha primeira aventura com as obras de José Saramago. Tenho de confessar que sempre tive reservas em relação a este autor porque me fazia confusão o facto de ele não usar pontuação.
Creio que esta minha "mania" começou há vários anos, numa aula de Literatura, na universidade, em que o professor nos levou um excerto de um livro de José Saramago e nos propôs, como exercício, que colocássemos a devida pontuação no texto. Certamente que o professor não teve intenção de nos desencorajar de ler Saramago, mas penso que foi nesse momento que começou a minha embirração com o autor.
Entretanto, passaram vários anos e senti que não fazia muito sentido ler tanto e, contudo, nunca ter lido nenhuma obra do único autor português a receber o Nobel da Literatura. Assim, achei que devia dar uma oportunidade ao autor.
Comecei pelo romance Claraboia, uma das primeiras obras que o autor escreveu (foi terminada em 1953) mas que só foi publicada pelos seus herdeiros após o seu falecimento.
Claraboia é a história de vários inquilinos que vivem no mesmo prédio e cujas vidas se entrelaçam sucessivamente num enredo.
O primeiro capítulo dá-nos a conhecer todos os inquilinos, passando de uns para outros, como se uma câmara de filmar fosse captando imagens de todos eles à medida que se movimentam no seu quotidiano. Posteriormente, cada capítulo é dedicado a um inquilino diferente.
Senti-me rapidamente cativada por estas diferentes personagens e pela forma como o autor nos descrevia o seu dia a dia e os seus pensamentos. Era como se estivesse dentro de casa de cada uma destas personagens. Foi muito interessante conhecer as suas vidas, os mexericos, os segredos, as aparências.
Achei especialmente interessantes as conversas entre Silvestre e Abel, que deixam lições de vida sobre as quais vale a pena refletir.
No que diz respeito à escrita do autor, este romance ainda tem pontuação, a característica que desaparece posteriormente nos trabalhos do autor. Por esta razão, parece-me que é um bom livro para quem desejar estrear-se nas obras de Saramago.
Quanto a mim, prometo que vou continuar a explorar as obras deste autor. Dentro de algumas semanas, talvez me aventure com o Memorial do Convento.
Classificação: 3/5 estrelas
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