sábado, 14 de abril de 2018

"Em Parte Incerta" de Gillian Flynn [Opinião]


Li este livro por recomendação da Silvana que, de vez em quando, lá me começava a falar dele muito entusiasticamente.

O livro inicia-se com o desaparecimento de Amy, a esposa de Nick, no dia em que comemoram 5 anos de casamento. Nick começa a ser visto como o principal suspeito e, com a pressão da polícia, desata a mentir e a comportar-se de forma desadequada, o que em nada abona a seu favor. Será ele realmente um assassino? E se não é ele o culpado, onde está a sua mulher?

Este não é um livro que cative logo desde o início. A primeira metade do livro é aborrecida, decorre muito lentamente e, por vezes, a leitura mostra-se custosa.
Eu li-o em formato e-book, no computador, o que já de si é cansativo e me provoca impaciência. Assim, é provável que o aborrecimento que senti na parte inicial do livro tenha sido exacerbado pelo facto de ler em suporte digital.

A primeira parte provocou-me vários sentimentos: não consegui sentir pena de Nick, ele apenas me dava vontade de rir porque era tão tótó, tão sem ação, tão incapaz de fazer alguma coisa que não fosse incriminar-se ainda mais. Cada comportamento dele, por mais pequeno que fosse, fazia crescer as suspeitas.
A Amy, que conhecemos através das páginas do seu diário, irritou-me por ser mimada a infantil. Achei-a tão desinteressante que cheguei mesmo a desejar que ela estivesse morta algures numa valeta.
Senti tudo isto à medida que combatia o tremendo aborrecimento por a história não avançar.

Assim que chegamos à segunda metade do livro, a história sofre uma enorme reviravolta e a autora deixa o leitor de boca aberta. Afinal, tudo o que lêramos até então não passou de uma preparação, um contexto para justificar o que verdadeiramente aconteceu.
Conhecemos uma nova Amy ou, mais especificamente, a verdadeira Amy, já que a anterior, a do diário, era apenas ficção. Esta nova Amy é muito mais maquiavélica do que se pode imaginar.

Neste momento, senti que a leitura melhorou muito e a minha vontade de descobrir mais fez-me virar as páginas com mais rapidez.
Se decidirem ler este livro, tenham paciência com a primeira parte; por muito aborrecida que vos pareça, garanto que vale a pena continuar.

O livro está muito bem construído, tem diálogos interessantes e uma parte policial bastante coerente. As atitudes de Amy surpreendem-nos sempre, mesmo quando parece que ela não pode fazer pior. Gostei mesmo muito de toda esta maldade.

Apenas o final deixou algo a desejar e acabou por saber a pouco. Agora que reflito sobre isso, penso que o final fez sentido, embora tenha sido dececionante. A autora foi tão minuciosa, espicaçou tanto a minha curiosidade que esperava algo realmente estrondoso no fim.

No geral, a experiência foi muito positiva e recomendo vivamente esta leitura. Fiquei curiosa por ler outros trabalhos da autora, onde também existem personagens perturbadas. Vou tentar dedicar-me a eles brevemente.

Classificação: 4/5 estrelas

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