Tema: Escreve o teu elogio fúnebre
O site
Olho para o retângulo branco no ecrã à minha frente, onde o cursor pisca sem parar. 
Não sei o que escrever. 
Deverei falar sobre mim? Dos sonhos que realizei e daqueles que ficaram por concretizar? Pedir desculpa à minha família e aos meus amigos pelas inúmeras asneiras que fiz? Ou dizer-lhes simplesmente que lamento a sua perda? 
O que será mais correto escrever, sabendo que serão as minhas últimas palavras? 
Desculpem, vocês devem estar confusos, sem saber quem sou e o que estou a fazer. 
Sou uma investigadora particular especializada em casos de traição conjugal. Dito de uma forma mais simples, eu ajudo as pessoas a divorciarem-se. 
Foi durante uma das minhas investigações para um novo cliente que me deparei com este site incrível. E olhem que nem precisei de me meter em ilegalidades, coisa que raramente faço, caso estejam a ficar preocupados. 
Encontrei-o por acaso. Atraída pelo nome, cliquei no link da página e em poucos segundos apresentou-se perante mim um ecrã acinzentado, com umas letras azuis bem gordas, onde se lia: Planeie o seu próprio funeral. 
É isso mesmo. Arrepiante, não é? Fiquei tão incrédula como vocês estão neste momento. 
Mas depois comecei a explorar o site e mudei de ideias. Está muito completo, oferece-nos diversas possibilidades para planear o funeral dos nossos sonhos, bem como apoio especializado em todos os momentos. 
Abri o formulário de planeamento e comecei por inserir os meus dados pessoais. A seguir vem a escolha do caixão que se pode personalizar totalmente ao nosso gosto. Eu escolhi uma urna para cremação. Não faço questão de ficar a ocupar espaço no meio da terra. 
Podem também deixar indicações para a missa do vosso funeral e escolher as músicas que querem que sejam tocadas. 
A parte final – antes de incluir tudo isto num testamento – foi aquela que me deixou sem saber o que fazer. O retângulo branco onde o cursor pisca sem parar. 
Mesmo em cima, a indicação: Escreva o seu elogio fúnebre. 
O que é que se escreve nestas alturas? 
Levanto-me da cadeira e espreito pela janela, enquanto reflito mais um pouco. O céu está cinzento, não tardará a chover. 
Regresso ao computador e, surpreendentemente, os meus dedos iniciam uma dança pelo teclado e as palavras começam a surgir diante de mim. Decorridos dez minutos, tenho um incrível texto de quinhentas palavras que será lido no dia do meu funeral. Sorrio, orgulhosa de mim! 
Querem saber o que escrevi, não querem? Aposto que estão aí roídos de curiosidade!
Lamento, mas terão de esperar pelo dia do meu funeral que, a propósito, só acontece lá para o final do capítulo trinta e cinco.

que valente reviravolta lol gostei, está original e misterioso q.b.
ResponderEliminarbeijinhos e feliz fim-de-semana ;*
Obrigada querida Ana! Fico contente que tenhas gostado.
EliminarBeijinhos :)
Daniela,
ResponderEliminarescrever o meu proprio elogio fúnebre é ser juiz em causa própria...
Deste modo prefiro que sejam os outros a dizerem o que quiserem.
Como diria alguém: quando morrer que não faça sol!
Bom Domingo.
É verdade, José, acho que também não me sentiria nada bem a escrever o meu próprio elogio fúnebre.
EliminarBoa semana!
Bem original :)
ResponderEliminarConseguiste bem dar a volta ao tem.
Beijinhos
Obrigada! Lá tive de me desenrascar e inventar qualquer coisa. ;)
EliminarBeijinhos