«Um thriller extraordinariamente inteligente.»
De Telegraaf (Holanda)
Apesar de ter na estante três volumes da série de Sebastian Bergman, escrita por uma dupla de autores suecos, ainda não tinha tido oportunidade de lhes dar a devida atenção. Assim que a minha melhor amiga me emprestou o primeiro volume da série, não tive como escapar e atirei-me avidamente a esta leitura.
Deixem-me apenas confessar-vos que tenho uma pequena mania de fazer cara feia aos policiais com mais de 500 páginas. Não tenho qualquer problema em ler livros volumosos; apenas fico com receio de que um livro deste género, com tantas páginas, possa vir a arrastar-se e ter alguma palha. Provavelmente este é apenas um preconceito meu, que não se mostrará verdadeiro em muitos livros.
De facto, os meus receios eram completamente descabidos. Segredos Obscuros é um policial muito bem construído e estruturado, com uma interessante diversidade de personagens e bem equilibrado a nível de investigação policial.
Tudo começa com o desaparecimento de Roger, um jovem de 16 anos que, mais tarde, é encontrado morto, com o corpo mutilado e o coração arrancado do peito. Isto dá início a uma investigação que irá desvendar imensos segredos.
Nos primeiros capítulos, o livro não é muito dinâmico mas a verdade é que acaba por agarrar o leitor e mantê-lo curioso até ao fim. Está sempre a acontecer alguma coisa e, embora no início os investigadores tenham dificuldade em prosseguir na investigação, as pistas vão surgindo e, pouco a pouco, vai sendo montado o quadro deste crime.
[Fotografia da minha autoria]
Como referi acima, conhecemos bastantes personagens. Há espaço para uma boa caracterização de todas elas, o que nos permite sentir afinidade por umas e antipatia por outras.
Gostava de falar de Sebastian Bergman, um psicólogo que trabalhava como profiler para a Polícia em casos de assassinos em série. Um tsunami levou-lhe a mulher e a filha e, desde aí, ele nunca mais foi o mesmo. Deixou de trabalhar e transformou-se num homem à deriva.
Sebastian é de facto uma personagem intrigante. É brusco, rude e convencido nas suas interações com os outros, o que por diversas vezes me fez sentir uma certa antipatia por ele. Contudo, não passa de um homem que perdeu tudo e que, volvidos alguns anos, ainda não consegue ainda lidar com aquela tragédia. A dor dele é palpável.
Também gostei do inspetor Thomas Haralsson. Não sei se gostar será o termo certo, uma vez que passei todo o livro a sentir pena dele. Tudo lhe corria mal. Foi afastado da investigação quando uma equipa externa foi chamada para investigar este homicídio, mas nunca desistiu de provar o seu valor como detetive. O problema é que nunca conseguia fazer nada acertadamente. A juntar a tudo isso, tinha de lidar com a mulher que andava a fazer tratamentos de fertilidade e estava desesperada por engravidar. Nem no final do livro as coisas melhoraram, por isso espero que este homem possa vir a ter alguma sorte nos volumes seguintes da série.
O final foi bastante surpreendente e achei aquelas últimas linhas incríveis. Mas que revelação bombástica! Só me deixou ainda mais curiosa por ler a próxima aventura de Sebastian Bergman.
Para quem é fã de policiais e, especificamente, de literatura nórdica, aqui está uma sugestão a não perder. Em Portugal, a Suma de Letras já publicou cinco volumes desta série.
Classificação: 4/5 estrelas
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