Tema: O google está errado
O patrão
Vais ser despedida, sussurrou o diabo ao meu ouvido.
Sinto as mãos suadas enquanto atravesso o corredor que separa a minha sala de trabalho do escritório do meu patrão. Três palavras ecoam na minha mente: vais ser despedida.
O mais irónico é que eu não fiz nada. Ainda.
O erro foi do meu patrão e eu estou a caminho do seu escritório para lho comunicar.
Acredito que vou bater o recorde: ser despedida do meu emprego de sonho apenas três meses após ter sido contratada.
Quando cheguei ao escritório, esta manhã, encontrei os meus colegas num alvoroço. Sussurravam desesperadamente, como se estivessem a decidir qual deles deveria sacrificar-se e entrar na câmara de gás.
Tinham descoberto um erro num processo mediático em que estávamos a trabalhar. Era um pormenor mínimo, quase insignificante, mas fora cometido pelo patrão.
E ninguém se atrevia a dirigir-lhe a palavra para lhe apontar o erro.
Ninguém se atrevia a contrariá-lo.
Ninguém se atrevia sequer a respirar junto dele.
Por isso, duas horas depois e farta de assistir ao desespero dos meus colegas, levantei-me da cadeira e voluntariei-me para a morte:
— Eu vou.
Fez-se silêncio na sala.
Todos olharam para mim, de olhos esbugalhados.
E cá estou eu, a preparar-me para dizer ao meu patrão que está errado. E prestes a ser despedida.
Junto à porta, engulo em seco e bato três vezes.
Oiço a sua voz de trovão a dizer-me para entrar.
Entro de cabeça erguida, tentando demonstrar confiança. Se vou morrer, ao menos morro de pé.
Lá está ele, sentado à secretária como um rei no seu trono.
Jonathan Google, o homem que faz tremer até as paredes do edifício.
O homem que seria perfeito, não fosse o azar de ter recebido aquele apelido.
Imaginem que tinham o nome de um motor de pesquisa. Provavelmente teriam sofrido de bullying durante toda a vida.
Inspiro fundo e encho-me de coragem para falar.
Ele ouve-me sem pestanejar e, em seguida, levanta-se e dirige-se à janela interior, baixando a persiana. Agradeço-lhe mentalmente por impedir que os meus colegas assistam à descompostura que estou prestes a receber.
E, por fim, fala.
Duas eternidades depois, saio do seu escritório e arrasto-me até à minha secretária. O meu relógio indica que apenas passaram oito minutos.
Começo a reunir os meus pertences, incrédula com o que acontecera.
Afinal, isto não foi um erro, mas sim um teste. O patrão queria perceber qual de nós teria a coragem suficiente para o enfrentar, uma vez que precisa de uma advogada com fibra para representar um novo cliente.
Vou mudar-me para um novo gabinete.
Acabei de ser promovida.
Sinto as mãos suadas enquanto atravesso o corredor que separa a minha sala de trabalho do escritório do meu patrão. Três palavras ecoam na minha mente: vais ser despedida.
O mais irónico é que eu não fiz nada. Ainda.
O erro foi do meu patrão e eu estou a caminho do seu escritório para lho comunicar.
Acredito que vou bater o recorde: ser despedida do meu emprego de sonho apenas três meses após ter sido contratada.
Quando cheguei ao escritório, esta manhã, encontrei os meus colegas num alvoroço. Sussurravam desesperadamente, como se estivessem a decidir qual deles deveria sacrificar-se e entrar na câmara de gás.
Tinham descoberto um erro num processo mediático em que estávamos a trabalhar. Era um pormenor mínimo, quase insignificante, mas fora cometido pelo patrão.
E ninguém se atrevia a dirigir-lhe a palavra para lhe apontar o erro.
Ninguém se atrevia a contrariá-lo.
Ninguém se atrevia sequer a respirar junto dele.
Por isso, duas horas depois e farta de assistir ao desespero dos meus colegas, levantei-me da cadeira e voluntariei-me para a morte:
— Eu vou.
Fez-se silêncio na sala.
Todos olharam para mim, de olhos esbugalhados.
E cá estou eu, a preparar-me para dizer ao meu patrão que está errado. E prestes a ser despedida.
Junto à porta, engulo em seco e bato três vezes.
Oiço a sua voz de trovão a dizer-me para entrar.
Entro de cabeça erguida, tentando demonstrar confiança. Se vou morrer, ao menos morro de pé.
Lá está ele, sentado à secretária como um rei no seu trono.
Jonathan Google, o homem que faz tremer até as paredes do edifício.
O homem que seria perfeito, não fosse o azar de ter recebido aquele apelido.
Imaginem que tinham o nome de um motor de pesquisa. Provavelmente teriam sofrido de bullying durante toda a vida.
Inspiro fundo e encho-me de coragem para falar.
Ele ouve-me sem pestanejar e, em seguida, levanta-se e dirige-se à janela interior, baixando a persiana. Agradeço-lhe mentalmente por impedir que os meus colegas assistam à descompostura que estou prestes a receber.
E, por fim, fala.
Duas eternidades depois, saio do seu escritório e arrasto-me até à minha secretária. O meu relógio indica que apenas passaram oito minutos.
Começo a reunir os meus pertences, incrédula com o que acontecera.
Afinal, isto não foi um erro, mas sim um teste. O patrão queria perceber qual de nós teria a coragem suficiente para o enfrentar, uma vez que precisa de uma advogada com fibra para representar um novo cliente.
Vou mudar-me para um novo gabinete.
Acabei de ser promovida.
bom dia :D
ResponderEliminaradorei! o suspense em crescendo e o final inesperado. super bem escrito. parabéns, querida.
beijinhos e feliz dia :*
Olá!
EliminarMuito obrigada :)
Fico contente que tenhas gostado! Beijinhos e um ótimo dia para ti!
Olha, também arranjaste uma forma bem original de dar volta ao tema!
ResponderEliminarGostei bastante do resultado final :).
Beijinhos
Não sei, parece que resultou melhor na minha cabeça! Foi o texto que me deixou mais insatisfeita.
EliminarObrigada :)
Beijinhos
Granda pinta de final.
ResponderEliminarSimplesmente adooooooooooooooooooooooooooorei!
Uau, mas que entusiasmo! :D
EliminarMuito obrigada!
Beijinhos
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