«A sua técnica é uma mistura vigorosa de eloquência e de silêncio, descrevendo a incompetência, o heroísmo e o luto: a partir dos monólogos dos seus entrevistados, cria uma história que o leitor consegue de facto palpar.»
The Telegraph
Vozes de Chernobyl chegou à minhas mãos ainda antes do início da pandemia em Portugal e acabou por se revelar uma leitura bastante difícil para ler em tempos de Covid-19.
Svetlana Alexievich ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 2015 e afirma-se que criou um novo género literário que é inteiramente seu: os «romances de vozes». O seu trabalho consiste em realizar centenas de entrevistas e depois trabalhá-las, organizá-las num fio narrativo, oferecendo-nos uma história com alma.
Vi no ano passado a série Chernobyl, da HBO, e fiquei com imensa curiosidade de ler algo sobre esta tragédia que eu não conhecia assim tão bem.
O livro de Svetlana Alexievich é extremamente rico em testemunhos e igualmente doloroso de ler. Um texto neste formato, composto por entrevistas e monólogos, já de si não é fácil de ler. Tratando de um tema sensível como este, ganha uma dimensão muito maior.
Precisei de intercalar esta leitura com outros livros pois senti que era demasiada informação e necessitei de muitas pausas para digerir o que estava a ler.
[Fotografia da minha autoria]
O livro está muito bem estruturado. Inicia-se com uma pequena introdução histórica e depois dá lugar a uma solitária voz humana: o testemunho da mulher do bombeiro Ignatenko. Esta história de amor e de perda destroçou-me o coração.
Seguidamente, o livro encontra-se dividido em três capítulos e, o que achei mais interessante é que todos terminam com um Coro, ou seja, o Coro dos Soldados, o Coro Popular e o Coro das Crianças, todos agrupando diversos testemunhos.
Por fim, termina um outra solitária voz humana, desta vez o testemunho de Valentina, mulher de um liquidador.
Como referi mais acima, acabei por ler este livro durante as piores semanas da pandemia em Portugal e não consegui deixar de encontrar algumas semelhanças de certa forma assustadoras. Algumas partes fizeram-me lembrar a irresponsabilidade das pessoas, o facto de ser mais difícil convencer os idosos a aderir à mudança, o medo de ver pessoas.
Foram dias e semanas em que poderíamos não estar tão bem a nível psicológico, daí ter considerado este livro um verdadeiro desafio.
A história do desastre nuclear de Chernobyl é arrepiante, terrível e monstruosa. Mas é importante ler sobre ela pois faz parte da história mundial. Um livro soberbo e impactante que deveria ser lido por todos!
Classificação: 5/5 estrelas
Confesso que tenho uma certa curiosidade neste livro.
ResponderEliminarÉ muito bom, embora duro de se ler. Se tiveres oportunidade, lê-o!
EliminarBeijinhos
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