De vez em quando surge um autor que causa um burburinho gigantesco com o lançamento de um dos seus livros. Foi o que sucedeu com A Rapariga no Comboio, em 2015, que recebeu uma campanha publicitária incrível e que eu tive oportunidade de ler ainda antes do lançamento. Tal como referi na minha opinião, acabei por não achar o thriller assim tão alucinante como eu esperava.
O segundo romance da autora, Escrito na Água, veio envolto no mesmo burburinho. Decidi lê-lo este ano, embora sem criar expectativas elevadas.
Esta história conduz-nos até uma pequena localidade, onde um rio já tirou a vida a demasiadas mulheres ao longo dos tempos. Nel vivia obcecada com essas mortes e estava determinada a encontrar respostas. Contudo, agora é ela que aparece morta.
Será a sua irmã, Jules, quem terá de enfrentar terríveis recordações do passado, de forma a descobrir o que realmente aconteceu com Nel.
Não sei muito bem o que se passou entre mim e este livro. Demorei imenso a sentir-me cativada e precisei de insistir comigo mesma para continuar a ler, até chegar a um momento em que o próprio mistério foi o suficiente para manter a minha atenção até ao fim.
No livro anterior, a autora contou a história na perspetiva de três personagens. Aqui, temos o ponto de vista de nove ou dez personagens, alternando também entre a primeira e a terceira pessoas. Por um lado, resultou muito bem, pois foi possível ver como várias personagens reagiam a uma mesma situação. Contudo, por outro lado, achei esta constante mudança muito confusa. No início ainda não sabia quem era quem e, mais tarde, quando já reconhecia as personagens, sentia que continuava a precisar de um enorme esforço mental só para me situar com tantos saltos de personagens.
Talvez este não tenha sido o meu único problema com o livro. No geral, pareceu-me muito parado, com quase nenhuma ação. Não é que este aspeto seja mau de todo, uma vez que o livro se centra sobretudo nas memórias das personagens, nas recordações cinzentas do seu passado. Eu, como leitora, é que tenho uma especial preferência por thrillers mexidos, que me ofereçam adrenalina ao virar de cada página.
Devo reconhecer, no entanto, que a autora trabalhou muito bem as emoções das personagens, os instintos humanos e o medo de voltar a enfrentar os fantasmas do passado.
Gostei igualmente de toda aquela espécie de misticismo que envolvia o rio, como se ele fosse um pouco uma entidade sobrenatural com vontade própria.
Embora este thriller não me tenha fascinado, vou certamente ficar atenta a futuros trabalhos da autora.
Classificação: 3/5 estrelas
Eu gostei muito mais deste livro, do que "A Rapariga no Comboio". Parece que a ti não te cativou tanto. Acho que o livro é mais parado, porque é um livro mais reflexivo (livro interior). Do que me lembro, o foco é nas personagens, nos seus sentimentos, nas suas vivências e isso torna as coisas mais lentas e espera-se que isso adense o mistério em torno do rio. Decididamente, livros que apelem à reflexão não são para ti :). Precisas de narrativas com mais ação.
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O livro não é mau, é até muito interessante. E não digo que não tenha gostado das reflexões das personagens e do mistério. Mas, lá está, quando pego num thriller, preciso das emoções fortes, da ação.
EliminarBeijinhos